Ocorre que Lula é favorável à exploração de petróleo na Foz do Amazonas, afirmando que ela é importante para “financiar a transição energética”
Mais de 250 cientistas de 27 países, incluindo nomes de peso como os brasileiros Paulo Artaxo, Carlos Nobre, José Marengo e Mercedes Bustamante, além da climatologista alemã Friederike Otto, assinaram uma carta pedindo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidere uma transição energética justa, com o fim do uso de combustíveis fósseis, durante a COP30, que será realizada em novembro de 2025, em Belém. A informação é do jornal Folha de São Paulo.
Entregue na quarta-feira (18) ao embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, em Bonn, na Alemanha, a carta solicita que Lula priorize a eliminação dos combustíveis fósseis na cúpula climática e “seja o líder climático que o mundo precisa”.
O documento, apresentado pelo físico climático Bill Hare, destaca que a queima de combustíveis fósseis é a principal causa das mudanças climáticas, que ameaçam décadas de progresso no combate à pobreza, desigualdade e fome. “A eliminação dos fósseis é a ação climática mais urgente e essencial”, afirmou Hare, segundo a Folha.
A pressão ocorre em meio a críticas à recente concessão de 19 áreas para exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas, autorizada pela ANP em um leilão na terça-feira (17). Ambientalistas e comunidades tradicionais alertam para os riscos de vazamentos que podem impactar a biodiversidade e a fauna local, chamando o leilão de “do fim do mundo”.
A exploração na região amazônica é vista como contraditória às negociações climáticas em Bonn, preparatórias para a COP30, conforme reportado pela Folha.
Os cientistas lembram que 2025 marca o décimo aniversário do Acordo de Paris, que busca limitar o aquecimento global a 1,5°C. Contudo, o planeta já ultrapassou esse limite em um ano, enfrentando impactos como ondas de calor, megaincêndios, inundações e falhas nas colheitas, que afetam desproporcionalmente os menos responsáveis pela crise climática.
A carta enaltece o Brasil como líder em energia renovável, com quase 90% de sua eletricidade de fontes limpas, e destaca sua biodiversidade como base para uma transição global justa.
“Lula tem a chance de definir o que significa ser um líder climático no século 21, usando a COP30 e o Brics para engajar outros países”, diz o documento, segundo a Folha. Apesar disso, o presidente já defendeu a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, argumentando que ela é necessária para financiar a transição energética.
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