Junho Laranja: prevenção da anemia infantil começa antes do nascimento

Campanha alerta sobre os riscos da deficiência de ferro na infância e destaca o acompanhamento médico desde o pré-natal. Foto: Freepik

Junho também é da cor Laranja e, mais do que um mês de conscientização, é um convite para um olhar redobrado à saúde das crianças desde os primeiros momentos da vida. Segundo o médico pediatra Dr. Renato Auzier, docente do curso de Medicina da UNAMA Santarém, a anemia infantil, causada pela redução dos níveis de hemoglobina no sangue, pode comprometer o pleno funcionamento do organismo e afetar diretamente os desenvolvimentos físico e cognitivo dos pequenos.

“Quando falta hemoglobina, o oxigênio não chega direito às células. Isso impacta em tudo: desde o crescimento até a memória e a capacidade de resolver problemas”, explica o médico.

O corpo dá pistas
A criança com anemia pode apresentar palidez, cansaço, falta de apetite e até alterações cognitivas. “Ela fica pálida, descorada, prostrada, sem apetite e com dificuldade de concentração, interferindo até mesmo na forma como irá lidar com infecções e outras afecções”, afirma o médico.

E os impactos são mais profundos do que se imagina. “Todas as células precisam de oxigênio para realizar suas funções básicas. Quando isso não acontece, o crescimento e o desenvolvimento da criança são comprometidos”, alerta. Entre os sinais físicos estão unhas quebradiças, queda de cabelo e dificuldades cognitivas, como prejuízo de memória e resolução de tarefas cotidianas.

Alimentação é aliada
A dieta é uma das principais estratégias de prevenção. Segundo o médico, alimentos ricos em ferro não podem faltar no prato: vísceras (fígado), vegetais verde-escuros, feijão e até beterraba. “Quanto mais escuro o vegetal, maior o teor de ferro encontrado”, pontua.

E há formas de melhorar ainda mais a absorção do mineral. “A vitamina C auxilia na captação do ferro durante a digestão. Por isso, é recomendado ingerir frutas como laranja e tangerina após as principais refeições”, orienta.

Por outro lado, leite e derivados atrapalham esse processo. “Estudos comprovam que eles reduzem a absorção. O ideal é fazer um intervalo de uma a duas horas entre o consumo de ferro e a ingestão do leite. E produtos enriquecidos com esse mineral ou suplementações também podem ser necessários”, explica.

Introdução alimentar merece atenção
O cuidado começa durante a gravidez e se estende à introdução alimentar, fase decisiva na prevenção da anemia. “Ela vai refletir os hábitos da mãe desde a gestação. Não dá para exigir que o bebê aceite verduras e legumes se não vê ninguém comendo em casa”, ressalta.

Outro pilar fundamental é o aleitamento materno exclusivo até os seis meses. “Embora a quantidade de ferro seja baixa, sua biodisponibilidade é altíssima, considerada até de excelência, sendo suficiente para um bebê que nasceu no tempo certo”, afirma Auzier.

Acompanhar o pré-natal é lei
Para o pediatra, os cuidados começam antes mesmo da concepção. “A suplementação de ácido fólico precisa iniciar três meses antes da gravidez. A mulher em idade fértil deve tratar a anemia antes de engravidar e iniciar precocemente o pré-natal”, orienta.

Ele defende uma atuação integrada entre obstetras e pediatras já nas últimas semanas de gestação. “É no acompanhamento contínuo, do pré-natal até as consultas de rotina do bebê, que conseguimos detectar precocemente os riscos de anemia e iniciar a suplementação adequada. Não se deve esperar pelos sintomas. Três meses antes do diagnóstico de anemia o paciente já sofre com a falta de ferro no organismo”.

Foco no estilo de vida
Segundo Renato Auzier, bons hábitos são fundamentais. “O ideal é sempre obter o necessário por meio de um estilo de vida saudável, que passa dos adultos para as crianças”, conclui.

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