Gripe faz novas vítimas em Campinas com 9 mortos que não estavam vacinados e cidade revê tragédia anunciada

Gripe faz novas vítimas em Campinas: 8 de 9 mortos não estavam vacinados e cidade revê tragédia anunciada

A gripe voltou a assustar Campinas: a Secretaria de Saúde confirmou nove novas mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causadas pelo vírus influenza. O dado, revelado nesta quinta-feira (3), escancara a combinação perigosa de baixa cobertura vacinal e doenças preexistentes que continuam tirando vidas — muitas vezes por falta de prevenção.

Segundo o balanço oficial, todas as vítimas tinham comorbidades, mas oito delas não estavam vacinadas contra a gripe, escancarando o gargalo de uma campanha de imunização que ainda não conseguiu proteger a população mais vulnerável.

Desde o início do ano, Campinas já soma 241 casos confirmados de SRAG por influenza e 23 mortes. Para efeito de comparação, em todo o ano de 2024, foram 342 casos e 30 mortes — ou seja, em apenas seis meses, a cidade já registrou praticamente 80% dos óbitos do ano passado.

A escalada de casos acende um alerta para o risco de surto, principalmente no inverno, quando o vírus circula com mais força. Apesar dos constantes alertas das autoridades, a vacinação avança a passos lentos — e famílias continuam perdendo parentes para uma doença que poderia ser evitada com uma simples dose da vacina gratuita.

Especialistas alertam que os números podem piorar se a população não se imunizar. Idosos, crianças pequenas, gestantes e pessoas com doenças crônicas são as principais vítimas fatais da gripe, justamente o grupo que mais deveria estar com a carteirinha em dia.

Enquanto isso, unidades de saúde enfrentam alta demanda de casos respiratórios, falta de estrutura e campanhas de vacinação que não conseguem atingir quem mais precisa.

“É inacreditável que em 2025 ainda estejamos enterrando pessoas por causa de gripe”, desabafou uma enfermeira da rede municipal, que preferiu não se identificar.

A Secretaria de Saúde reforçou o apelo para que a população busque os postos de vacinação e atualize as doses. Mas a cada nova morte, cresce a pergunta: até quando Campinas vai perder vidas para um vírus controlável?

Perfis dos óbitos
 

  • Masculino, 82 anos, com comorbidade. Data do óbito: 31/05
  • Masculino, 59 anos, com comorbidade. Data do óbito: 01/06
  • Masculino, 53 anos, com comorbidade. Data do óbito: 04/06
  • Masculino, 80 anos, com comorbidade. Data do óbito: 11/06
  • Masculino, 93 anos, com comorbidade. Data do óbito: 17/06
  • Feminino, 82 anos, com comorbidade. Data do óbito: 18/06
  • Feminino, 70 anos, com comorbidade. Data do óbito: 11/06
  • Feminino, 51 anos, com comorbidade. Data do óbito: 05/06
  • Feminino, 97 anos, com comorbidade. Data do óbito: 19/06

Desde o início da mobilização, em 7 de abril, a Saúde realizou uma série de ações para facilitar o acesso ao imunizante fora das unidades básicas, incluindo shoppings, terminais de ônibus e supermercados da cidade. Foi realizado ainda um “Dia D” para incentivar a vacinação dos públicos prioritários na primeira quinzena de abril.
 

  • Idosos: 115.444 doses (53,14% da população de 217.232)
  • Crianças: 26.617 doses (37,15% da população de 71.633)
  • Gestantes: 2.971 doses (32,31% da população de 9.194)