Ônibus perde roda em avenida movimentada e expõe colapso na frota sucateada de Campinas

Mais uma cena que virou rotina para quem depende do transporte público de Campinas: nesta quinta-feira (3), um ônibus da linha 210 perdeu a roda dianteira em plena Avenida Brasil, uma das mais movimentadas da cidade, escancarando o risco constante imposto por uma frota mal conservada, com falhas mecânicas frequentes e manutenção precária.

O caso aconteceu por volta das 5h30, quando o coletivo trafegava pela Avenida Doutor Theodureto de Almeida Camargo, na altura da Vila Itapura. Passageiros relataram pânico quando o ônibus começou a soltar fumaça e, em questão de segundos, a roda da frente simplesmente se soltou e rolou pela via, obrigando o motorista a parar às pressas para evitar uma tragédia maior.

Apesar do susto, ninguém se feriu — mas a indignação dos usuários ganhou força. “É todo dia um ônibus quebrando, sem ar-condicionado, sem limpeza, barulhento, e agora até roda caindo!”, reclamou uma passageira que seguia para o trabalho.

E o problema não é pontual: nos últimos meses, usuários denunciam panes mecânicas, ônibus superlotados, veículos com portas que não fecham direito, pneus carecas e atrasos constantes. Em horários de pico, motoristas enfrentam problemas elétricos e superaquecimento que obrigam paradas de emergência em corredores movimentados.

Campinas tem hoje uma das maiores frotas de ônibus do interior paulista, mas parte considerável dos veículos roda há anos sem renovação adequada. A má conservação faz motoristas e cobradores temerem acidentes, enquanto passageiros se arriscam diariamente em veículos sem conforto mínimo.

Após o incidente desta quinta-feira, outro ônibus também apresentou pane e precisou ser retirado de circulação, gerando ainda mais atrasos e caos em linhas que já operam sobrecarregadas.

O sindicato dos motoristas denuncia há tempos a falta de investimentos das concessionárias na renovação e manutenção dos veículos, e cobra da Prefeitura e da Emdec maior fiscalização. A Emdec informou apenas que enviou equipes para conter o impacto no trânsito, mas não apresentou soluções concretas para a crise crônica que afeta milhares de trabalhadores e estudantes diariamente.

Enquanto isso, quem depende dos ônibus em Campinas segue refém de uma frota velha, quebrada e perigosa — e de promessas que nunca saem do papel.