O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nesta 6ª feira (4.jul.2025) que os países do Sul Global têm “fragilidades”. Alinhar-se a eles, portanto, é “extremamente perigoso” para o Brasil.
“A gente está falando de países que têm uma grande fragilidade, que é justamente a fragilidade democrática, a falta de democracia. E isso, talvez, nos afaste dos maiores investidores e dos melhores mercados. É como se a gente tivesse um estoque de capital gigantesco para competir e a gente estivesse restringindo as nossas possibilidades a uma parcela muito ínfima, muito pequena deste capital”, disse o governador.
A declaração foi dada no painel “Relações de força internacionais e novos blocos militares”, no 13º Fórum de Lisboa. A moderação foi feita por Raul Jungmann, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração. Ele apresentou Tarcísio como presidenciável, arrancando aplausos da plateia.
Tarcísio afirmou que os países do Sul Global detêm a maioria da população mundial e quase 50% da economia global. “Se eu pensar em aspectos econômicos e em aspectos populacionais, a gente está falando de uma relevância maior do que a dos países do G7”, afirmou.
“Mas, quando a gente se alinha a países que têm essa ordem de fragilidade, essa ordem de governança que se afasta de algumas práticas daquelas que são preconizadas pela OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], a gente vai ficando distante de uma parcela relevante de investimento e isso é extremamente perigoso”, declarou.
O governador paulista falou sobre as tensões econômicas vividas pelo mundo e citou os EUA e a China.
“Acho que a gente tem que fazer o que a diplomacia brasileira sempre fez: se pautar pela neutralidade e olhar o interesse nacional”, afirmou. “Porque não existe amizade entre países, existe interesse”, disse.
Segundo o governador, a geopolítica mundial mudou de forma muito rápida. “Para quem conversa com os mercados, o que era pessimismo há muito pouco tempo virou otimismo”, declarou.
RISCO FISCAL
Tarcísio disse que, para o Brasil, o risco fiscal “talvez seja o risco menos importante”. Segundo ele, o país sabe o caminho que deve ser seguido.
“A fórmula é conhecida, para que a gente possa equacionar a questão fiscal. O Brasil passou por reformas muito relevantes nos últimos anos. E, no final, a gente criou as condições base para ter uma economia relativamente arrumada”, declarou.
GILMARPALOOZA
O 13º Fórum de Lisboa tem como anfitrião o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes.
O evento já é uma tradição e foi batizado de “Gilmarpalooza” –junção dos nomes do decano e do festival de música Lollapalooza, originado em Chicago (EUA) e cuja versão no Brasil é realizada todos os anos em São Paulo, com uma multitude de bandas de muitos lugares.
Eis as entidades envolvidas na organização do fórum:
- IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa) – fundado por Gilmar, Paulo Gonet (procurador-geral da República) e Inocêncio Mártires Coelho (ex-procurador-geral da República);
- LPL (Lisbon Public Law), da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa;
- FGV (Fundação Getulio Vargas), por meio de sua divisão FGV Conhecimento.
O tema do fórum de 2025 é “O mundo em transformação – Direito, democracia e sustentabilidade na era inteligente”.
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