Dez horas da manhã de domingo, fui — como todo bom caboco — conferir a novidade de Belém: o Parque da Cidade, inaugurado um dia antes como uma das grandes obras da COP-30, ou TOP-30, como ouvi um confuso senhor rascunhar por lá. Mas a pergunta que fica é: “Tá valendo?”
Quase 1 bilhão de reais depois e apenas um trecho da obra entregue, de cara chama atenção a falta de árvores. Mas, contraditoriamente, também causa surpresa que, dentro do que historicamente se vê nas obras em Belém, o espaço seja inclinado ao verde. Ficou confuso? É o seguinte: poderia ser mais arborizado, mas, pelo que se pode ver, o espaço foi pensado com bem mais qualidade nesse aspecto e futuramente pode ficar melhor, quando as árvores transplantadas se enraizarem com mais robustez.
Fato é que a primeira impressão é de grandiosidade, lazer e infância.
Muitas crianças. Mas muitas crianças mesmo. O futuro demográfico do Brasil está garantido, se depender dos muitos Enzos e Valentinas que corriam, choravam e brigavam por lá. Era criança na grama, nos chuveiros, nos banheiros, nos parques enxuto e molhado. Era criança até correndo sozinha. Onde estão os pais? De longe, olhando: o pai mexendo no celular e com uma mochila da Galinha Pintadinha; a mãe, gritando: “Valentinaaaa!” A filha nem aí, em êxtase.
Mais à frente, os jovens aborrecentes nas quadras de esporte. No futebol, dois times se digladiavam com um jogo triste de se ver e muitos palavrões — esses sim, mais interessantes — enquanto outros milhares esperavam sua vez no famoso “10 minutos ou dois gols”. Olhando os jovens, a sensação é que ali estão sendo criadas condições para que, futuramente, menos “dois em uma moto” existam.
Quem quer vencer uma partida de futebol em plena 11h da manhã, eu garanto, não vai querer a vida do crime.
Falando nisso, os policiais ali andam em um veículo que não sei dizer o que é, mas sei que é moderno. Será que o policial que anda nessa modernidade se arriscaria atrás do ladrão de celular? Ou ele se acha chique demais para essas ocorrências de policial de rua? Ele não é de rua — é do Parque da Cidade, quase um cavaleiro do reino.
Gostei do lugar… Sensação de que finalmente descobriram que Belém é maior do que só os bairros centrais. Gostei tanto que voltei.
Se um dia após a inauguração havia instrutores por toda parte… pra fazer aquela capa, três dias depois já não era assim. A anarquia tomou conta no alvorecer da noite e o Parque da Cidade virou o “Parque do faz o que tu quiser e não me enche o saco”.
Pedestres no lugar das bicicletas; bicicletas no lugar dos skates; skatistas invadindo o canto de quem só queria caminhar. Crianças, adultos, avós e suas selfies, gente dançando, casais, amantes, música alta, bolas por todo canto e crianças de novo… e tome crianças. Ainda bem.
A briga estava feia por estacionamento. Só não estava maior do que por comida, pois a desorganização estava grande. Loucura. Quem gosta, adorou. Quem não gosta, rogou para que aparecesse um Xandão para organizar ou censurar aquele caos. Vale o desconto — muitos anos sem lazer agita o povão.
Então, tá valendo? Não sei, nunca tive perto de 1 milhão, quiçá o bi. Mas se vale a pena visitar com a família? Com certeza — e muito!
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