Brics pede saída de Israel de Gaza e “cessar-fogo” imediato

A declaração final da cúpula de chefes de Estado do Brics, realizada neste domingo (6.jul.2025), no Rio, pede que Israel saia da Faixa de Gaza. O texto faz um gesto ao Irã ao condenar os ataques recentes ao país persa, mas evita mencionar os Estados Unidos e Israel, autores dos bombardeios. Leia a íntegra (PDF – 269 kB).

A declaração deste domingo destina 4 parágrafos para o conflito em Gaza. Os países dizem expressar profunda preocupação com “os contínuos ataques de Israel contra Gaza e da obstrução à entrada de ajuda humanitária no território”. Também condena a “tentativa de politizar ou militarizar a assistência humanitária” e o uso da fome como um método de guerra.

O grupo pede:

  • que as partes envolvidas no conflito negociem um cessar-fogo imediato, permanente e incondicional;
  • retirada completa das forças israelenses da Faixa de Gaza e de todas as demais partes do território palestino ocupado;
  • libertação de todos os reféns e detidos em violação ao direito internacional;
  • acesso para a entrega de ajuda humanitária.

O Brics defende a unificação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza sob a Autoridade Palestina, com a criação de um Estado palestino independente.

O documento cita Israel 7 vezes, mas em trechos relacionados aos conflitos na Faixa de Gaza, na Síria e no Líbano. Durante as negociações entre os países integrantes do bloco na última semana, os iranianos cobraram um posicionamento mais duro, com apoio de China e Rússia. O país persa passou a integrar o bloco em 2023. Teerã não reconhece o Estado de Israel e normalmente usa expressões como “regime sionista” para se referir ao país judeu.

O endurecimento da declaração, porém, enfrentou resistência de países mais próximos aos Estados Unidos, como Índia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Egito. Esse grupo quis evitar que o bloco, já muito alinhado à China, fosse visto mais ainda como anti-ocidental ou anti-Trump.

Israel e os Estados Unidos atacaram instalações nucleares iranianas em 21 de junho. O Irã afirma que seu programa é pacífico, enquanto os outros 2 países temem o desenvolvimento de armas. Trump afirmou ainda ter “obliterado” o programa iraniano, mas o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, disse que a ciência não pode ser destruída por bombardeios e que o país pode recuperar rapidamente sua capacidade nuclear.

O texto menciona a solução de 2 Estados para pacificar a região, com o reconhecimento do Estado Palestino, posição histórica adotada pelo bloco e endossada até mesmo pelos novos integrantes do Oriente Médio como Egito e Emirados Árabes Unidos. A citação à expressão, no entanto, é contrária aos interesses do Irã, que queria evitá-la no texto por não reconhecer a legitimidade de Israel e entender que, ao endossar o texto, estaria reconhecendo implicitamente o Estado de Israel.


Leia mais sobre a Cúpula do Brics no Rio:

Assista ao vídeo e saiba o que é o Brics (3min36s):