Acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, ex-mandatário refuta imputações e vê tentativa de desqualificação
O ex-governador Simão Jatene (sem partido), cujo mandato se estendeu até 2018, veio a público em vídeo postado na sua conta em uma rede social para se defender de acusações de corrupção e lavagem de dinheiro. O político, que governou o estado por três mandatos, anunciou ter tomado conhecimento do encaminhamento de um inquérito ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), no qual é imputado de supostamente ter obtido dinheiro de forma fraudulenta durante seu período à frente do Poder Executivo. Ele classifica a ação como uma “invenção engendrada pela Polícia Civil do Estado” sob comando da atual administração e uma “tentativa grotesca e grosseira” de manchar sua honra e desqualificá-lo politicamente.
O Ver-o-Fato publicou reportagem (leia aqui) detalhando a decisão proferida pelo juiz Heyder Tavares da Silva Ferreira, titular da 1ª Vara Penal de Inquéritos Policiais e Medidas Cautelares de Belém, acolhendo pedido do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) para declinar a competência sobre o inquérito policial nº 00605/2021.100001-9, que investiga o ex-governador Simão Jatene e outros cinco indiciados por supostos crimes de lavagem de dinheiro.
O caso foi remetido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, no último dia 17, em razão do foro por prerrogativa de função do ex-governador. A decisão também determinou a revogação parcial do sigilo dos autos, respeitando o princípio da publicidade dos atos processuais.
Em uma declaração contundente, o ex-governador reiterou sua crença na alternância democrática do poder, afirmando que, ao contrário de seus adversários atuais, jamais perseguiu seus oponentes quando esteve no governo, nem procurou atrapalhá-los após a assunção do governo em 2019, sem citar o nome do governo eleito Helder Barbalho (MDB). Ele destacou que a sociedade paraense é ciente dessa postura. Segundo o político, mesmo com um histórico do grupo político atualmente no poder que “não recomendava muita coisa”, ele optou por se manter discreto, afastando-se inclusive das redes sociais e evitando ativismo político para não constranger ou perseguir pessoas, um comportamento que ele atribui como “típico do grupo”.
Apesar de sua discrição, o ex-governador expressou indignação diante de fatos recentes, acreditando sempre que a democracia possui mecanismos e instituições capazes de corrigir distorções e punir culpados. No entanto, ele avalia que a atual conjuntura demonstra uma “falta de escrúpulos e de limites” por parte do grupo no poder, o que estaria “destruindo o princípio civilizatório da confiança” e contaminando as instituições. Para ele, o “jogo de interesses” estaria se impondo sobre a verdade, representando uma ameaça “permanente àqueles que não se rendem ou se vendem”.
O inquérito que o acusa de corrupção e lavagem de dinheiro, supostamente ligado a recursos obtidos fraudulentamente, é veementemente refutado. O ex-governador assevera que a investigação, conduzida pela Polícia Civil sob ordens do governador atual, “não tem qualquer fundamento”. Ele interpreta as acusações como uma manifestação de “medo e trauma” pela derrota eleitoral imposta pelo povo do Pará em eleições passadas.
Em sua fala, o político recordou o que considera serem tentativas passadas de desqualificação por parte da atual gestão. Ele mencionou o “estardalhaço” midiático que alegava que o estado estava “quebrado” e que havia um “rombo de mais de um bilhão de reais” quando assumiram o governo. Outro ponto citado foi a “palhaçada” da rejeição de suas Contas de 2018 pela Assembleia Legislativa, as quais, segundo ele, haviam sido “aprovadas por unanimidade” pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Para o ex-gestor, essas seriam “um rol de mentiras que a realidade e o tempo acabaram por desmascarar”.
Ele afirma que a atual “armação” é um desdobramento dessa estratégia, tentando agora “inventar uma conexão e uma história de lavagem de dinheiro”, especialmente porque não conseguiram identificar ou apontar “qualquer ato desonesto” de sua parte em relação ao programa “asfalto na cidade”. O inquérito é descrito como “sem pé nem cabeça e com nítida intenção de criar impedimento político” a uma suposta candidatura de Jatene ao Senado, em 2026.
O ex-governador argumenta que os erros “grosseiros” contidos no inquérito evidenciam que ele “não se sustenta diante de uma avaliação minimamente técnica e juridicamente isenta”, por estar “longe da verdade e dos fatos”. Ele expressa a percepção de que a atual gestão, “atolados em escândalos de corrupção e sem alternativa de candidatura viável”, com “permanentes visitas da Polícia Federal”, estaria buscando “intimidar e comprar as pessoas e instituições”, amordaçando a democracia e destruindo qualquer possibilidade de disputa política, real ou imaginária.
Ao final de sua declaração, o ex-governador ressaltou sua vida após o governo, vivendo de forma comum e sendo grato ao carinho da população do Pará. Ele enfatizou que não possui bens materiais como fazendas, gado, avião, rádio ou televisão, mas que possui “honra e o respeito da população”. Em nome desse respeito, ele renovou um desafio público que já havia feito enquanto governador: que ele e seus adversários apresentassem seus patrimônios, explicando como foram construídos e obtidos. Segundo ele, essa atitude seria pedagógica e poderia contribuir para resgatar a credibilidade da política, além de demonstrar quem de fato “enriqueceu com recursos públicos ou entende de lavagem de dinheiro”.
The post Ex-Governador Simão Jatene reage a inquérito e denuncia ‘armação política’ appeared first on Ver-o-Fato.