Entidades de diversos setores da economia brasileira se pronunciaram sobre o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), de impor uma tarifa de 50% sobre os produtos do Brasil. Em geral, as associações demonstram “preocupação” com a medida. A decisão de Trump foi comunicada nesta 4ª feira (9.jul) em uma publicação na rede social Truth Social.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) afirmou, em nota (íntegra – PDF – 310 kB) que a iniciativa “foi recebida com preocupação e surpresa”. Defende que o governo brasileiro deve ter como prioridade “intensificar a negociação” com a Casa Branca.
“Não existe qualquer fato econômico que justifique uma medida desse tamanho, elevando as tarifas sobre o Brasil do piso ao teto. Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano. Uma quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia”, declarou Ricardo Alban, presidente da CNI.
A entidade que representa a indústria brasileira também falou sobre a relação diplomática entre os 2 países. “Brasil e Estados Unidos sustentam uma relação econômica robusta, estratégica e mutuamente benéfica alicerçada em 200 anos de parceria”, declarou.
O presidente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), Ricardo Cappelli, disse ao Poder360 que a medida é uma “grande agressão ao Brasil”.
A AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) declarou que a medida veio com “indisfarçáveis surpresa e indignação”. O presidente da entidade, José Augusto de Castro, disse que a decisão de Trump é “política com impacto econômico de grande lastro”.
“É certamente uma das maiores taxações a que um país já foi submetido na história do comércio internacional, só aplicada aos piores inimigos, o que nunca foi o caso do Brasil. Além das dificuldades de comércio com os Estados Unidos, o anúncio da Casa Branca pode criar uma imagem negativa do Brasil e gerar medo em importadores de outros países de fechar negócios com as nossas empresas”, afirmou.
A FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) também manifestou “preocupação” com a decisão de Trump. “A nova alíquota produz reflexos diretos e atingem o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras”, declarou.
A frente que reúne congressistas do setor agropecuária disse defender “uma resposta firme e estratégica: é momento de cautela, diplomacia afiada e presença ativa do Brasil na mesa de negociações”. Reforçou ser necessário “fortalecer as tratativas bilaterais, sem isolar o Brasil perante as negociações”.
A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) afirmou que o aumento de tarifa sobre produtos do Brasil “representa um entrave ao comércio internacional e impacta negativamente o setor produtivo da carne bovina”.
A entidade que representa algumas das principais empresas que exportam carne bovina disse que está disposta a contribuir com o “diálogo”.
“A Abiec reforça a importância de que questões geopolíticas não se transformem em barreiras ao abastecimento global e à garantia da segurança alimentar, especialmente em um cenário que exige cooperação e estabilidade entre os países”, afirmou.
O presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), José Ricardo Roriz, disse que a taxação representa um “duro golpe ao ambiente de negócios brasileiro” e defendeu que o mercado dos EUA é “estratégico” para o Brasil.
“Exportar para os Estados Unidos significa competir em alto nível e acessar um dos mercados mais exigentes e bem remunerados do mundo. São empresas que investem em tecnologia, em qualidade e que sustentam empregos de melhor remuneração. Uma tarifa de 50% torna praticamente inviável esse tipo de operação, afetando diretamente o faturamento, a rentabilidade e os empregos de qualidade dessas empresas”, declarou.