BC terá que publicar uma carta com prazo para levar inflação à meta

O BC (Banco Central) deverá publicar uma carta com as explicações para o desrespeito ao objetivo inflacionário depois de o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgar nesta 5ª feira (10.jul.2025) que a inflação anualizada do Brasil atingiu 5,35% em junho, acima de 4,5%, o teto permitido pela meta de inflação. O documento será encaminhado ao Ministério da Fazenda, chefiado por Fernando Haddad.

Entrou em vigor em 2025 o novo regime de meta contínua de inflação, que estabelece que a taxa acumulada em 12 meses não pode ficar por mais de 6 meses acima do intervalo de tolerância do CMN (Conselho Monetário Nacional).

A inflação acumulada em 12 meses está há 9 meses acima de 4,5%, que é o teto do intervalo da meta, mas a nova regra de meta contínua de inflação começou a valer só em 2025. A última vez que a inflação ficou abaixo de 4,5% no cálculo anualizado foi em setembro de 2024, quando atingiu 4,42%.

Neste ano, a aferição da inflação deixou de ser anual e passou a ter outra metodologia:

  • como era – até 2024, era considerada como um descumprimento da meta se a taxa anual de dezembro ficasse de fora do intervalo permitido pelo CMN;
  • como ficou – a partir de 2025, será considerado um descumprimento da meta se a taxa anual ficar de fora do intervalo permitido por 6 meses consecutivos.

Em visita à Câmara na 4ª feira (9.jul.2025), o presidente do BC, Gabriel Galípolo, disse que a autoridade monetária não se desviará um milímetro” do mandato de inflação.

Pelas projeções mais recentes do Banco Central, a inflação voltará para o intervalo permitido no 1º trimestre de 2026. As estimativas foram feitas com base nas expectativas dos agentes financeiros para a taxa Selic e câmbio.

CARTA DO BANCO CENTRAL

O BC terá que publicar uma carta com as razões para eventuais descumprimentos da meta de inflação. Esse documento deverá ter:

  • a descrição detalhada das causas do descumprimento;
  • as medidas necessárias para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos;
  • o prazo esperado para que as medidas produzam efeito.

Será divulgado às 18h desta 5ª feira (10.jul).

TAXA SELIC

O Copom (Comitê de Política Monetária) aumentou a taxa Selic para 15% ao ano para controlar a inflação.

Na 3ª feira (8.jul), Galípolo havia dito que, por ter subido a Selic para este patamar, provavelmente não ganhará o prêmio de “miss simpatia” do ano de 2025, mas estará tranquilo porque o BC trabalha para levar a inflação à meta de 3%.

Na Câmara, ele disse que será o 1º presidente do Banco Central a assinar duas cartas pelo descumprimento do objetivo inflacionário em menos de 6 meses. A última foi publicada em janeiro deste ano, quando a inflação foi de 4,83% em 2024.


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