O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 5ª feira (10.jul.2025) que a “extrema direita” precisa corrigir “o estrago que fez”. Ele defendeu que há evidência pública de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) atuou contra o interesse nacional ao “urdir” a tarifa de 50% dos Estados Unidos contra o Brasil.
“Nós não podemos misturar ideologia com economia e, menos ainda, alinhar setores da sociedade brasileira contra a soberania nacional. Isso é inaceitável”, disse. “Tem um filho do ex-presidente da República Jair Bolsonaro nos Estados Unidos celebrando a decisão tomada e ameaçando o Brasil com novas decisões a partir de 1º de agosto”, completou.
Haddad disse que não é necessária uma investigação para concluir a conspiração de Eduardo Bolsonaro, porque o filho de Bolsonaro, segundo ele, está “declaradamente” agindo contra os interesses nacionais. O ministro afirmou que o deputado “gestou” a retaliação ideológica contra o Brasil.
“Não é uma coisa aceitável uma pessoa fazer uma coisa dessa. Isso, realmente, deveria indignar a todos os brasileiros […] 99% das pessoas são ‘Brasil’. Vão lutar pelo ‘Brasil’. Se tem uma minoria de 1% que está conspirando contra o país, eu penso que eles vão receber a devida resposta da sociedade brasileira”, completou.
Haddad afirmou que buscará uma solução diplomática com o país comandado por Donald Trump (Partido Republicano). Trump anunciou tarifas de 50% sobre os produtos exportados do Brasil para o país norte-americano. Ele justificou o aumento, em parte, pelo tratamento que o governo brasileiro deu ao ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro (PL), a quem disse respeitar “profundamente”.
Haddad disse que a medida não se justifica sob “nenhum ponto de vista”, principalmente do lado econômico. Voltou a dizer que os EUA tiveram superavit comercial com o Brasil desde 2009.
“Seria bom que os setores extremistas da sociedade brasileira que concorreram para esse resultado se desmobilizassem nos Estados Unidos e passassem a defender o interesse nacional. Nós temos a expectativa também de que, diante da evidência, inclusive que é pública, de que eles se envolveram em um ataque ao Brasil, a extrema direita brasileira está envolvida no ataque dos EUA ao Brasil, que agora ela procure corrigir o estrago que fez”, disse Haddad.
RELAÇÃO EUA-BRASIL
O ministro declarou que o saldo comercial foi superior a US$ 400 bilhões nos últimos 15 anos. Disse que o comércio bilateral entre Brasil e EUA já foi “muito maior” e hoje está na casa de 12% do total exportado. Afirmou, porém, que o agronegócio nacional e a indústria de São Paulo serão mais prejudicados com a sobretaxação.
“Mas, independentemente do impacto, nós queremos ter boas relações com os Estados Unidos. Os governos vão passar e as nações vão continuar”, disse Haddad. “Nós não queremos prejuízo de ninguém. Nem dos brasileiros que vendem aos Estados Unidos e nem dos americanos que vendem aqui. E vendem muito aqui. Têm superavit conosco”, completou.
Haddad afirmou que a sobretaxação tem finalidade político-ideológica, mas que buscará uma solução diplomática para que a tarifa não entre em vigor. Segundo Trump, a tarifa entra em vigor em agosto.
“Ninguém está falando nisso [de subir tarifas contra os EUA] por enquanto. Tem muitas medidas não tarifárias que podem ser pensadas. Tem um rol enorme de medidas que estão sendo estudadas. Tem um grupo de trabalho […] e nós temos um tempo”, disse. “Há medidas tarifárias que não impactam a inflação. Há uma série de alternativas que vão ser consideradas. Isso não significa que vão ser acionadas, porque o nosso desejo é que, até lá, isso tenha sido superado”, completou.