Senegal substitui “Akon City” por resort turístico de R$ 6,4 bi

A Sapco-Senegal, entidade estatal que desenvolve áreas costeiras e turísticas, cancelou o projeto “Akon City” e anunciou a construção de um resort turístico de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,4 bilhões) no mesmo terreno. A decisão foi tomada após o cantor Akon não cumprir, em 2024, prazos estabelecidos para iniciar as obras de sua cidade futurista inspirada em Wakanda, reino fictício dos filmes “Pantera Negra”, da Marvel Studios.

O terreno em Mbodiène, localizado a cerca de 80 km de Dakar, capital senegalesa, foi majoritariamente retomado pelo Estado depois que o artista senegalês-americano não conseguiu viabilizar seu projeto original orçado em US$ 6 bilhões (R$ 32 bilhões). Segundo informações da Bloomberg, Serigne Mamadou Mboup, diretor da Sapco-Senegal, afirmou à Agência de Imprensa Senegalesa que o projeto original “não existe mais”.

O novo empreendimento incluirá hotéis, apartamentos, uma marina e um calçadão conectando o complexo a uma lagoa próxima. A Sapco pretende transformar a região em um polo turístico e econômico.

“O objetivo é fazer de Mbodiène um verdadeiro motor de crescimento”, segundo apresentação compartilhada pela Sapco.

Para viabilizar o empreendimento, serão necessários 665 bilhões de francos CFA (aproximadamente R$ 6,4 bilhões). O governo contribuirá com 65 bilhões (R$ 630 milhões), enquanto 600 bilhões (R$ 5,8 bilhões) deverão vir de investidores privados.

A captação desses recursos representa um desafio significativo para o Senegal, que enfrenta uma crise financeira. Uma auditoria estatal identificou dívidas não declaradas de US$ 7 bilhões (R$ 38 bilhões) deixadas pela administração do ex-presidente Macky Sall (Alliance for the Republic). Essa situação comprometeu o acesso do país aos mercados de crédito internacionais e resultou no congelamento de US$ 1,8 bilhão (R$ 9,8 bilhões) em financiamento pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).

Apesar das dificuldades, Boubacar Diallo, gerente da Sablux Immobilier, empresa parceira do governo no desenvolvimento, disse que “já vimos algum interesse” de investidores, sem fornecer detalhes específicos.

Akon, que recebeu 550 mil m² de terra em 2020, manteve 80 mil m² que serão integrados ao novo projeto de 500 mil m². “O que Akon está preparando conosco é um projeto realista, que a Sapco apoiará totalmente”, afirmou Mboup.

A expectativa é que o empreendimento gere 15.000 empregos em sua 1ª fase, segundo a Sapco. Durante a cerimônia de inauguração, o prefeito Alpha Samb expressou: “Que este resort sirva como modelo de sucesso no Senegal, um centro de turismo e uma fonte de oportunidades econômicas”.

Para os moradores locais, o novo projeto representa uma mudança de perspectiva após anos de expectativas frustradas. Jean Wally Sene, professor e residente de Mbodiène, compartilhou: “Há muito tempo, pessoas, inclusive Akon, vêm aqui tentando nos vender sonhos e ilusões. Finalmente, há um sonho para Mbodiène no qual ousamos acreditar.”