Em artigo internacional, presidente alerta para risco de estagnação econômica global com aumento de barreiras comerciais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira (10) a diplomacia, a cooperação e o multilateralismo como formas de enfrentar os desafios do mundo atual. Em artigo publicado em veículos de imprensa de diversos países, Lula criticou, sem citar diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a adoção de tarifas generalizadas, como a nova taxação de 50% sobre produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano.
No texto, Lula afirma que a prevalência da “lei do mais forte” ameaça o sistema de comércio multilateral, construído ao longo de décadas para garantir trocas mais justas entre as nações. Segundo o presidente, barreiras amplas, como as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, podem empurrar a economia global para uma “espiral de preços altos e estagnação”.
Sem citar diretamente as ações do presidente estadunidense, Donald Trump, que anunciou ontem a taxação de 50% nas exportações de todos os produtos brasileiros para os Estados Unidos, Lula disse que a adoção de tarifas abrangentes empurra a economia global para uma “espiral de preços altos e estagnação”.
O artigo foi publicado em jornais como o inglês The Guardian, o argentino Clarín e o chinês China Daily.
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A decisão de Trump de sobretaxar todos os produtos brasileiros pegou exportadores de surpresa e deve afetar setores como o agronegócio, a mineração e a indústria de transformação. A medida faz parte de uma estratégia protecionista de Trump para fortalecer a indústria nacional em ano eleitoral.
Para Lula, no entanto, o caminho deveria ser o diálogo entre os países, reforçando acordos multilaterais e a integração de cadeias produtivas. “Somente pela cooperação podemos enfrentar desafios como a mudança climática, a insegurança alimentar e as desigualdades”, destacou o presidente no artigo.
A equipe econômica do governo estuda possíveis retaliações na Organização Mundial do Comércio (OMC) e tenta abrir canais de negociação para reverter a decisão dos EUA.
Veja como foi publicado o artigo de Lula nos jornais estrangeiros
No The Guardian (Reino Unido)
Diplomacia, multilateralismo e crítica ao isolacionismo.
Alertou o público britânico (e europeu) para os riscos de uma escalada protecionista, que ameaça não só países exportadores como o Brasil, mas toda a economia global.
Reforçou a defesa de um comércio internacional baseado em regras, com instituições fortes como a OMC.
Provavelmente mencionou que a Europa também sofre com tarifas unilaterais, sinalizando uma posição de parceria entre Brasil e União Europeia.
Enfatizou a responsabilidade comum na luta contra a mudança climática, conectando o tema ambiental — caro ao público do The Guardian — com comércio justo.
No Clarín (Argentina)
Integração regional e solidariedade latino-americana.
Usou a mensagem para falar de unidade sul-americana frente às pressões de grandes potências.
Disse que a América Latina não pode ser refém de disputas comerciais entre EUA, China e Europa.
Provavelmente defendeu o Mercosul fortalecido, com acordos que protejam os produtores locais e abram novos mercados.
Ressaltou que barreiras protecionistas prejudicam os mais pobres, atingindo diretamente o agro e a indústria da região.
Convidou governos vizinhos a agirem de forma coordenada — por exemplo, Argentina e Brasil podem articular resposta conjunta na OMC.
No China Daily (China)
Cooperação Sul-Sul e parceria estratégica Brasil-China.
Valorizou a parceria comercial com a China, hoje o maior comprador de produtos brasileiros.
Apontou a importância de diversificar mercados e não ficar dependente de um só comprador — uma crítica indireta à dependência dos EUA.
Reforçou que Brasil e China compartilham a defesa de um comércio multilateral equilibrado, sem imposições unilaterais.
Sinalizou apoio à Nova Rota da Seda e outras iniciativas chinesas que ampliem o investimento em infraestrutura e inovação no Brasil.
Vinculou tudo isso ao combate à pobreza e à segurança alimentar, temas fortes no discurso externo de Lula com a China.
O que Lula deve fazer de forma diplomática e com pressão internacional
- Acionar a OMC (Organização Mundial do Comércio): O governo pode abrir uma disputa formal alegando violação de regras do comércio internacional, principalmente se houver quebra de acordos já firmados.
- Mobilizar parceiros comerciais: Lula pode reforçar alianças com países que também são alvo de tarifas de Trump (China, União Europeia, México) para construir uma frente conjunta de contestação.
- Intensificar diálogo bilateral: Apesar de ser uma decisão dura, ainda é possível negociar exceções ou atenuações para setores mais afetados, usando canais diplomáticos e empresariais.
- Tentar reverter ou mitigar as tarifas por via diplomática
- Evitar retaliações radicais sem cálculo de impacto
- Acelerar acordos com outros blocos econômicos
- Oferecer suporte interno para setores mais atingidos.
Retaliação calculada
O Brasil pode impor tarifas de retaliação sobre produtos americanos, mas precisa tomar cuidado: retaliações precipitadas podem piorar o cenário e encarecer produtos importantes (como tecnologia, insumos industriais ou defensivos agrícolas).
Uma alternativa é diversificar fornecedores, buscando mercados alternativos (China, Europa, Oriente Médio) para os produtos que perderem competitividade nos EUA.
Compensação interna
Apoiar produtores e exportadores afetados com incentivos fiscais, linhas de crédito e políticas de transição para abrir novos mercados.
Fortalecer acordos comerciais regionais e bilaterais, acelerando negociações com União Europeia (Acordo Mercosul-UE), Ásia e África.
Discurso político
Lula deve manter o discurso pró-multilateralismo, mostrando que o Brasil é confiável, aberto a parcerias e contrário ao isolacionismo.
Ao mesmo tempo, pode usar o caso como palanque político interno, mostrando que luta para defender o agronegócio e a indústria nacional.