Na noite da última sexta-feira (11), moradores dos bairros Tenoné, Parque Verde e adjacências bloquearam a avenida Augusto Montenegro, em Belém, durante um protesto por justiça em um caso de estupro de vulnerável envolvendo uma criança de 11 anos. A manifestação teve início por volta das 20h, no sentido Belém–Icoaraci, e contou com a presença de familiares da vítima, vizinhos e membros da comunidade local.
Com cartazes, balões brancos e palavras de ordem, os manifestantes caminharam pelas ruas do Tenoné e se concentraram na altura do bairro da Agulha, exigindo celeridade nas investigações e a prisão do principal suspeito — um homem conhecido na comunidade e considerado pessoa de confiança da família da vítima. O ato foi pacífico, durou cerca de uma hora e causou a interdição temporária do trânsito na via, que foi liberada após a dispersão. A Polícia Militar acompanhou a manifestação e realizou o controle da situação.
O protesto ocorreu no dia seguinte à prisão do suspeito, ocorrida na manhã de quinta-feira (10), durante a operação “Avós do Silêncio”, deflagrada pela Polícia Civil do Pará. O homem é acusado de cometer abuso sexual contra a criança entre a noite de 14 e a madrugada de 15 de junho deste ano, período em que ficou responsável pela guarda da vítima.
Segundo as investigações, conduzidas pela Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente (DEACA/CPC), com apoio do Grupo de Trabalho de Apoio a Vulneráveis (GTV/NIP), o suspeito se aproveitou da ausência da responsável legal da criança para praticar os abusos.
O delegado João Castanho, responsável pelo caso, informou que a vítima relatou os fatos à avó materna, que inicialmente acolheu o relato, mas, em seguida, apagou uma gravação feita pela criança com indícios do crime, levantando suspeitas de tentativa de ocultação de provas. “Apesar disso, a denúncia foi formalizada e imediatamente iniciamos as investigações, reunindo diversos elementos probatórios, como escuta especializada da vítima, oitivas de testemunhas e diligências de inteligência. Com base nas evidências, solicitamos a prisão preventiva do investigado, que foi deferida pela Justiça”, destacou o delegado.
O suspeito foi preso por volta das 6h30 da manhã de quinta-feira e conduzido à unidade policial para interrogatório. Em seguida, foi encaminhado ao sistema prisional, onde permanecerá à disposição do Poder Judiciário.
A operação recebeu o nome de “Avós do Silêncio” em alusão à dinâmica familiar revelada durante a investigação, na qual tanto o suspeito, tratado como figura de avô, quanto a avó materna da vítima teriam atuado para silenciar a criança e tentar ocultar o crime. A Polícia Civil reforçou que a ação representa um passo firme na luta contra o abuso sexual de menores e no rompimento do ciclo de silêncio e impunidade que ainda persiste em muitos casos envolvendo violência infantil.
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