Mineração crescerá com maior segurança jurídica, diz CEO da Hydro

Anderson Baranov, 54 anos, CEO da Norsk Hydro Brasil, disse que a mineração poderá crescer no Brasil com maior previsibilidade institucional. Afirmou que isso pode ser feito com maior organização dos órgãos reguladores, mas sem reduzir exigências ambientais e sociais. “Onde tem a mineração legal, tem proteção ambiental, reflorestamento, investimento social, capacitação”, afirmou em entrevista na 3ª feira (8.jul.2024).

Na avaliação de Baranov, o Brasil poderá subir de posição no ranking da mineração global para o 2º ou 3º lugar em 5 anos. Atualmente está em 5º ou 6º dependendo da referência. A 1ª posição é da China, a 2ª da Austrália e a 3ª da Rússia.

Assista à entrevista (20min5s):

O CEO da Hydro disse que há grande potencial de investimentos em mineração atualmente. ”A gente vai conseguir fazer com que o país pegue esse trem dos minerais essenciais e aumente a sua capacidade de produção e de influência mundial”, afirmou.

A Hydro tem mineração de bauxita e produz alumínio no Pará. O impacto da tarifa de importação de 50% dos Estados Unidos, anunciada na 4ª feira (9.jul) está em avaliação pelo setor. “As análises e projeções sobre possíveis efeitos dessa medida para a indústria do alumínio estão sendo conduzidas pela Abal (Associação Brasileira do Alumínio), que tem desempenhado um papel fundamental na representação do setor”, afirmou Baranov na 6ª feira (11.jul).

Abaixo, trechos da entrevista:

  • ganho econômico – “A sociedade hoje não vive sem a mineração, que está em tudo o que a gente usa: no celular, na embalagem do remédio, no carro, no avião”;
  • obstáculos – “[É preciso] agilizar o licenciamento, ter segurança jurídica, para que a gente possa ter mais investimento. O Brasil é hoje um celeiro de minerais essenciais. A gente tem que aproveitar esse momento para atrair cada vez mais investimento para a mineração”;
  • insegurança fundiária“Você vai lá explorar uma área e depois aparecem novos donos, comunidades indígenas, quilombolas. Quando você licenciou, não identificou donos. Não havia, mas depois aparece”;
  • avanços – “No Pará, vejo muita evolução no licenciamento, [com] cada vez mais com condicionantes, que trazem muitos benefícios para a sociedade, para o Estado e para a mineração. Há muita preocupação com o meio ambiente”;
  • acidentes – “[Houve] um aprendizado. A mineração virou a página e busca a perfeição na parte ambiental, na parte social, na segurança”;
  • energia – “Energias renováveis são uma preocupação muito grande da mineração. O Brasil tem esse potencial já estabelecido de energia de qualidade e barata. Isso não quer dizer que o preço esteja baixo. [A Hydro] investe R$ 14 bilhões desde 2022 em energia renovável, troca da matriz energética da nossa operação de óleo para gás natural. Também em plantas de energia eólica e biomassa [com] caroço do açaí. A gente tem a meta de ser de zero [em emissões de carbono] até 2050”;
  • produção – “Hoje, a gente tem estabilidade. O mercado do alumínio cresce a cada dia. Ao mesmo tempo, a indústria tem usado muito material reciclado, porque o alumínio é 100% reciclável”;
  • legado da COP 30 em Belém – “Vai ser a melhor [COP] porque muita gente que fala da Amazônia vai poder conhecer a Amazônia. O lado positivo é ter a floresta, a cultura do Pará, também os desafios. Haverá mais investimento e mais interesse na preservação da Amazônia. Se você olha Belém hoje, a evolução é fantástica. A cidade transformou”;
  • hospedagem – “Não será um problema em Belém. As últimas 3 COPs de que eu participei tiveram a mesma situação de preços altos no início. Depois, vão se acomodando. No ano passado, em Baku, no Azerbaijão, os preços caíram em outubro e a gente foi”.