Saiba quem são os donos, quanto custam as máquinas mais caras do mundo, os roteiros de luxo e o rastro de polêmica e poluição que elas deixam
Matéria das jornalistas Carolina Brasil e Francielly Barbosa, do portal Extra Online, revela o que há por trás de tanta riqueza, ostentação e comportamentos obscuros, criminosos, que envolve até mesmo pedofilia, orgias e drogas, nessas viagens pelos oceanos. Leia, abaixo:
“Palácios flutuantes, com luxo suficiente para ganhar status de realeza, protegidos por vidros a prova de balas e frotas de lanchas e jet skis: esse é o mundo dos superiates, os playgrounds particulares dos mais ricos do planeta, onde a ostentação não tem limites, a privacidade é protegida por laser e o luxo serve de fachada para escândalos e um rastro de poluição.
Os superiates ostentam tamanhos (e preços) impressionantes. É o caso do “rei dos mares”, o veleiro Koru, que pertence a Jeff Bezos, dono da Amazon. O gigante de R$ 2,7 bilhões não cabe nem em docas de luxo e requer “vagas” especiais, parando ao lado de navios cargueiros. Em Hollywood, famosos como Leonardo DiCaprio e Beyoncé preferem alugar esses serviços – afinal, o custo de manutenção de um iate pode chegar a R$ 324 milhões anualmente.
Mas por trás do brilho do champanhe e das festas em Mônaco, existe um universo oculto: acidentes fatais, como o naufrágio do superiate Bayesian, e escândalos de corrupção, como o caso 1MDB, ajudam a revelar o outro lado da moeda. Em meio ao luxo, alguns desses iates foram associados a episódios de violência, abusos e crimes. O rapper Sean Combs, mais conhecido como P. Diddy, por exemplo, foi recentemente citado em denúncias que envolvem supostos crimes sexuais cometidos a bordo de uma megaembarcação.
Na série de reportagens “O mundo extravagante dos superiates”, o PAGE NOT FOUND vai mergulhar nos bastidores da elite sobre as águas: quem são os donos, que curiosidades envolvem, quanto custa manter uma embarcação desse porte, quais leis regem essas fortunas flutuantes — e o que elas escondem quando estão longe da costa.
Quem são os ‘donos do mar’?
A briga pelo título de “iate mais caro” envolve egos, drama e até fraude. Enquanto o bilionário russo Alisher Usmanov ostentava o Dilbar, avaliado em R$ 4 bilhões e com a maior piscina a bordo de um iate, o dono da Amazon, Jeff Bezos, quebrou a banca com o Koru, o maior veleiro do mundo. Mas a realeza do Oriente Médio não fica atrás: o Azzam, da família real de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), ainda é um dos mais longos, com 180 metros — quase dois campos de futebol. Nos últimos anos, circulou ainda um rumor sobre um superiate banhado a ouro, supostamente vendido por R$ 25 bilhões, mas especialistas apontam que a história, apesar de viral, é provavelmente falsa.
E os famosos?
- Esqueça comprar. Beyoncé e Jay-Z são mais espertos: alugam o iate Kismet por mais de R$ 4 milhões por semana para férias na Europa. Já Cristiano Ronaldo comprou um “brinquedo” pela bagatela de R$ 55 milhões, um Azimut Grande 27 Metri.
- Em águas brasileiras, Gusttavo Lima é o grande soberano. O cantor sertanejo comprou, por cerca de R$ 25 milhões, o iate que era de Roberto Carlos. O famoso Lady Laura, sob novo dono, agora atende por outro nome: Embaixador.
- E o Neymar? Em 2012, chegou a comprar o próprio iate por R$ 15 milhões. Hoje, segue a linha de Beyoncé: para as grandes festas, prefere alugar e não ter dor de cabeça.
Parque de diversões exclusivo
O dinheiro compra quase tudo? Os superiates mais extravagantes, verdadeiros parques de diversões flutuantes, indicam que sim. O Octopus, que pertenceu ao cofundador da Microsoft Paul Allen, morto em 2018, tinha um estúdio de gravação (usado pelo U2 e por Mick Jagger), duas pistas de pouso para helicópteros e uma garagem com um submarino para 10 pessoas. Outros vêm comcinemas IMAX, adegas para 400 garrafas, cápsula de observação subaquática e até “beach clubs” que se abrem na altura da água.
Por onde os ultra-ricos passeiam? O roteiro é quase sempre o mesmo:
- Verão Europeu (junho a setembro): Riviera Francesa, Nice e Saint-Tropez (França); Capri, Sardenha e Malta (Itália); Mykonos e as Ilhas Gregas.
- Fim de Ano (dezembro/janeiro): O ponto de encontro é um só: St. Barths, no Caribe. A baía da ilha vira um “estacionamento” de bilionários.
E se você quisesse viver esse sonho? Prepare o bolso. Alugar um iate “básico” no Mediterrâneo custa a cerca de R$ 250 mil por semana. Os mais luxuosos, como os que Beyoncé aluga, passam de R$ 4 milhões semanais. E tem um detalhe: esse preço só inclui o barco e a tripulação. Comida, bebida e combustível são pagos por fora, numa “caixinha” de adiantamento que pode chegar a 35% do valor base. No caso de uma embarcação de luxo menor, espere gastar pelo menos mais R$ 90 mil.
Nem tudo é glamour: acidentes, crimes e o lado B
Mas a vida em alto-mar pode virar um pesadelo. Acidentes, incêndios e falhas mecânicas são mais comuns do que se imagina.
Durante uma tempestade na costa da Sicília, na Itália, em 2024, um superiate de luxo naufragou, resultando na morte de sete pessoas, incluindo o magnata britânico da tecnologia Mike Lynch, de 59 anos. A embarcação, avaliada em R$ 220 milhões, era chamada de Bayesian.
Outro acidente “cinematográfico” aconteceu em 2022, com o iate My Saga, que afundou na costa da Itália, com a proa apontada para o céu.
Pior ainda é o que acontece dentro deles. Longe da lei e dos olhos do público, iates se tornam palcos de escândalos. O caso de Jeffrey Epstein é um dos mais sombrio: o financista e magnata americano, preso por crimes sexuais e encontrado morto em em cela de cadeia em 2019, usava seus transportes de luxo, como o superiate Lady Ghislaine e o jato apelidado de “Lolita Express”, para transportar meninas e adolescentes para sua “ilha do pedófilo”.
Recentemente, a imagem de festas luxuosas do rapper P. Diddy em iates ganhou um novo significado em meio a investigações de tráfico sexual. Jornalistas em diferentes veículos reportaram experiências “aterrorizantes” no iate de US$ 65 milhões do magnata da música.
E o que dizer do Equanimity, um iate de R$ 1 bilhão comprado com dinheiro roubado do povo da Malásia? O barco — que virou símbolo de um dos maiores escândalos de corrupção internacionais e envolveu até nomes como Leonardo DiCaprio e a modelo Miranda Kerr — foi confiscado e vendido para pagar as contas do país.
A conta chegou: o preço para o planeta
Às vésperas da COP30, que será realizada em Belém, em novembro, o mundo discute quem mais polui. E os superiates são vilões de luxo: são a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa, de acordo com um estudo de 2021.
Atualmente, há quase 6 mil superiates no mar — ou seja, embarcações com mais de 30 metros (100 pés) —, de acordo com um relatório do início deste ano da empresa de mídia e inteligência de mercado SuperYacht Times. O total quadruplicou nas últimas três décadas.
Você sabia?
- Um único superiate pode emitir 7 mil toneladas de CO₂ por ano, o mesmo que 1.500 carros populares.
- Eles consomem tanto combustível que alguns precisam reabastecer a cada 4 ou 5 dias de navegação, dependendo do tamanho e da velocidade.
- No total, os 300 maiores superiates do mundo emitem quase 285 mil toneladas de CO₂ anualmente.”
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