Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid presta novo depoimento nesta segunda (13) no Supremo; ele é peça-chave em três ações penais e colabora por meio de delação premiada
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, presta nesta segunda-feira (13) um novo depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Cid é delator premiado da Polícia Federal e figura central em pelo menos três ações penais que tramitam sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.
Considerado peça-chave para esclarecer a articulação do núcleo militar envolvido na trama golpista, Mauro Cid firmou acordo de delação premiada com a Polícia Federal no ano passado. Desde então, já prestou dezenas de depoimentos e forneceu provas documentais e digitais que ajudaram a embasar as denúncias contra Bolsonaro e aliados.
Nesta nova oitiva, o militar deve detalhar reuniões sigilosas ocorridas no Palácio da Alvorada, troca de mensagens entre comandantes de tropas e a participação de assessores e ex-ministros na elaboração de minutas golpistas. Além disso, o depoimento pode lançar luz sobre pressões para obtenção de apoio das Forças Armadas à ruptura institucional.
Paralelamente, o STF ouve nesta semana as últimas testemunhas de defesa e de acusação relacionadas aos três principais núcleos investigados: o núcleo político, composto por ex-ministros e parlamentares; o núcleo militar, formado por oficiais e ex-assessores diretos de Bolsonaro; e o núcleo de disseminação, responsável por espalhar desinformação para mobilizar a base bolsonarista.
O tenente-coronel chegou a ser preso preventivamente em 2023, acusado de participar de esquema de fraude em cartões de vacinação de Bolsonaro e familiares, além de obstrução de investigações. Desde então, negocia benefícios legais em troca de cooperação ampla com a Justiça.
O andamento da fase final de depoimentos deve acelerar a elaboração do voto do relator Alexandre de Moraes. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, já adiantou que entregará nesta segunda-feira (14) suas alegações finais, pedindo a condenação de Bolsonaro e de sete aliados por crimes como tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito e associação criminosa armada.
A expectativa é que o julgamento ocorra ainda no segundo semestre deste ano, podendo resultar na primeira condenação criminal de um ex-presidente por tentativa de golpe na história do país.