O carimbó atravessou fronteiras e desembarcou no Maranhão para um encontro vibrante com manifestações tradicionais da cultura popular nordestina. O grupo Flor da Amazônia, referência em carimbó no Pará há mais de 30 anos, levou música, dança e identidade amazônica para as cidades de São Luís e Alto Alegre do Pindaré em um verdadeiro intercâmbio de ritmos e histórias.
A primeira parada aconteceu na sexta-feira (11), no Espaço Cultural Mestre Coxinho, localizado no centro histórico da capital maranhense. Ali, o grupo paraense dividiu o palco com o tradicional Cacuriá, dança marcada pela sensualidade e alegria que tem raízes na década de 1970.
“A gente faz essa brincadeira há quase 40 anos. É uma dança cheia de significado, com humor, gingado e resistência cultural”, explicou Imbira Reis Brito, do grupo Balaio das Rosas, anfitriã do espetáculo e entusiasta do carimbó, com visitas frequentes ao Pará.
O Flor da Amazônia levou ao público um repertório popular com músicas eternizadas por nomes como Dona Onete e Joelma, interpretadas por Alexandre Miranda, um dos fundadores do grupo. A resposta foi imediata: ninguém ficou parado. A plateia foi envolvida e convidada a entrar na roda, numa demonstração espontânea de como o carimbó é contagiante.
“Eu sou de Belém e estou de férias aqui, mas parecia que estava no Ver-o-Peso. Que energia linda, o cacuriá é encantador e o carimbó mora no meu coração”, comentou a professora Ana Lima.
No domingo (13), foi a vez de Alto Alegre do Pindaré receber o espetáculo. Além do carimbó, o evento contou com a participação especial do Boi Mocidade, manifestação popular que mobiliza cerca de 70 integrantes e colore as ruas com dança, brilho e tradição.
“A gente busca envolver a comunidade, principalmente jovens e crianças. Aqui, todo mundo aprende a bordar, a montar as indumentárias, a viver essa cultura de forma ativa”, contou Amanda Barbosa, dançarina do grupo.
Para Alexandre Miranda, a conexão entre as danças é natural. “O cacuriá e o carimbó têm muito em comum, tanto no balanço quanto na expressão corporal. A gente se reconhece nesses ritmos. São diferentes, mas se conversam”, explicou.
A participação do grupo faz parte do projeto “Carimbó na Orla – Ritmo e Cores da Cultura Amazônica”, realizado pela Intera Produções e Eventos com apoio do Ministério da Cultura e patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. A proposta é transformar as orlas do Pará e do Maranhão em palcos vivos da cultura popular.
“A ideia é manter viva essa tradição, aproximando o público de todas as idades dos mestres e da essência do carimbó, com apresentações, oficinas e rodas de conversa. É uma ponte entre o passado e o futuro”, explicou Cristiano Aguiar, coordenador geral do projeto.
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O post Pará e Maranhão celebram a cultura popular em espetáculo com carimbó, cacuriá e bumba-meu-boi apareceu primeiro em Estado do Pará Online.