Erro faz hospital aplicar soro de cobra em 11 recém-nascidos

Erro na aplicação aconteceu no Hospital Santa Cruz, em Canoinhas, e foi confirmado pela direção da unidade. Bebês seguem monitorados e não apresentaram reações graves até o momento. Prefeitura determinou auditoria independente.

Onze bebês recém-nascidos foram medicados, por engano, com soro contra veneno de cobra no lugar da vacina contra hepatite B em uma maternidade de Canoinhas, no Planalto Norte de Santa Catarina. O caso aconteceu na última sexta-feira (11) no Hospital Santa Cruz, unidade particular que também atende pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A confirmação ocorreu nesta terça-feira (15).

De acordo com a administração do hospital, os profissionais aplicaram 0,5 ml de imunoglobulina heteróloga antibotrópica — um antídoto utilizado no tratamento de picadas de serpentes como jararaca e jaracuçu. A dosagem foi consideravelmente menor do que a normalmente indicada em casos de acidente ofídico, que costuma ser cerca de 30 ml por paciente.

Hospital confirma erro e abre sindicância

O equívoco foi descoberto durante uma checagem interna de rotina. Em nota oficial, a direção do Hospital Santa Cruz reconheceu a falha e informou que instaurou uma sindicância para apurar responsabilidades e revisar os protocolos de segurança.

“O Hospital adotou todas as medidas de assistência e acolhimento às famílias e aos recém-nascidos envolvidos, que vêm sendo monitorados de forma contínua por nossa equipe multidisciplinar”, afirmou a instituição em comunicado.

Segundo o hospital, nenhuma das crianças apresentou reações adversas graves até o momento. As famílias foram informadas assim que a situação foi identificada, e os bebês seguem em acompanhamento médico.

Prefeita determina auditoria independente

A Secretaria Municipal de Saúde de Canoinhas foi notificada apenas na segunda-feira (14) pela Regional de Saúde de Mafra. Diante da gravidade, a prefeita Juliana Maciel anunciou que vai contratar uma auditoria externa para investigar o ocorrido.

“É inaceitável que um erro dessa gravidade aconteça em um ambiente hospitalar. O município repassa quase R$ 1 milhão para os atendimentos realizados via SUS, e precisamos garantir que esse dinheiro esteja sendo utilizado com responsabilidade”, declarou a prefeita.

A administração municipal reforçou que a vacinação dos recém-nascidos é de responsabilidade direta do hospital, uma vez que ocorreu dentro da estrutura privada da maternidade.

Riscos são baixos, mas monitoramento segue

O Instituto Butantan, responsável pela produção do soro antibotrópico, alerta que o medicamento é indicado apenas para vítimas de picadas de cobras do gênero Bothrops. O uso indevido pode provocar reações como náuseas, manchas na pele, coceira e, em casos extremamente raros, choque anafilático — evento que ocorre em menos de 0,1% das aplicações, segundo dados do instituto.

Especialistas ouvidos pela reportagem explicam que a pequena quantidade aplicada nos bebês reduz o risco de complicações graves, mas o acompanhamento contínuo é fundamental para garantir a segurança.

A Vigilância Epidemiológica de Canoinhas também acompanha de perto o quadro clínico das crianças e deve manter o monitoramento pelos próximos dias.

Hospital diz estar comprometido com transparência

Em entrevista, a diretora do Hospital Santa Cruz, Karin Adur, declarou que as equipes estão abaladas com o ocorrido e reforçou o compromisso da instituição com a segurança e a ética.

Enquanto o inquérito interno e a auditoria independente buscam esclarecer responsabilidades, as famílias aguardam explicações detalhadas sobre como um erro deste porte foi possível dentro de uma maternidade.

Com informações de Jornal Razão

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