Brasileiras escravizadas sexualmente na Europa eram exploradas com “tabela de preços”

Esquema contava com atuação no Brasil, inclusive em Brasília. Segundo a Polícia Federal, vítimas eram escravizadas sexualmente e recebiam apenas uma pequena parte dos valores arrecadados.

A Polícia Federal (PF) revelou, nesta terça-feira (15/7), detalhes de uma operação que desarticulou uma rede internacional de tráfico de mulheres brasileiras para exploração sexual na Europa. De acordo com as investigações, as vítimas eram escravizadas em prostíbulos e tinham seus corpos “comercializados” com base em uma tabela de preços que variava de €100 a €1.000, dependendo da duração da “jornada” de cada mulher.

Segundo a reportagem publicada pelo site Metrópoles, o esquema contava com um controle financeiro rígido exercido pela cafetina-chefe dos prostíbulos europeus. Ela organizava a agenda das vítimas de modo que cada uma rendesse pelo menos €1.000 por dia — o equivalente a mais de R$ 5.800 na cotação atual. Para isso, era marcado o maior número de “programas” possível, explorando ao máximo as mulheres traficadas.

Embora todo o lucro diário fosse proveniente do trabalho forçado das vítimas, o valor total arrecadado era completamente retido pela cafetina. Às brasileiras submetidas ao esquema, eram repassadas apenas pequenas quantias em dinheiro, o suficiente para mantê-las sob controle, sem qualquer autonomia financeira.

A PF revelou ainda que parte da estrutura criminosa operava diretamente do Brasil, com base inclusive na capital federal, Brasília. No país, o grupo atuava no recrutamento e agenciamento das vítimas, organizando os atendimentos que seriam realizados na Europa e facilitando a logística do tráfico humano.

O inquérito policial foi instaurado a partir de informações obtidas em diligências e, sobretudo, com a colaboração de uma das vítimas. Após retornar ao Brasil, ela prestou depoimento às autoridades e revelou detalhes cruciais sobre o funcionamento da rede de exploração sexual, colaborando com o avanço das investigações.

Segundo a Polícia Federal, as apurações foram iniciadas em maio de 2024 e indicam que o grupo criminoso aliciava mulheres com perfil de modelo por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens. A sedução inicial envolvia promessas de trabalho e sucesso na Europa, mas rapidamente as vítimas eram inseridas em um esquema de abuso, coação e exploração sexual contínua.

A operação da PF contra o tráfico humano e a exploração sexual internacional de brasileiras representa mais um capítulo da luta contra crimes transnacionais que violam direitos humanos fundamentais. A identidade dos envolvidos e das vítimas segue preservada para não comprometer as investigações e a segurança das mulheres envolvidas.

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