Moraes cita Machado de Assis em decisão contra Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), citou o escritor Machado de Assis ao justificar a imposição de medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o uso de tornozeleira eletrônica.

O ex-presidente foi alvo de buscas e apreensão da PF (Polícia Federal) nesta 6ª feira (18.jul.2025). Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa de Bolsonaro e em endereços ligados ao PL (Partido Liberal).

Na decisão, assinada na 5ª feira (17.jul.2025), Moraes escreveu que “o imortal Machado de Assis proclamava que”: “A soberania nacional é a coisa mais bela do mundo, com a condição de ser soberania e de ser nacional”.

Machado de Assis (1839–1908) foi um dos maiores nomes da literatura brasileira. Fundador da Academia Brasileira de Letras, é autor de obras como Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas. Foi jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, reconhecido por sua crítica social refinada e por seu estilo irônico e inovador.

Em seguida, afirmou que “a Soberania Nacional não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida”, e que o STF será “absolutamente inflexível” na defesa da Constituição e do Estado de Direito. Leia a íntegra da decisão (PDF – 2 MB).

Eis as medidas determinadas contra o ex-presidente:

ENTENDA

Bolsonaro é réu em ação penal no STF (Supremo Tribunal Federal) que investiga o núcleo central na tentativa de golpe de Estado em 2022.

A PGR pediu a condenação do ex-presidente na 2ª feira (14.jul.2025). Afirmou que Bolsonaro alimentou diretamente a insatisfação e o caos social depois de sua derrota eleitoral para o atual chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eis a íntegra (PDF – 5,4 MB).

Caso seja condenado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado, a pena pode passar de 40 anos de prisão.

Em 2023, o ex-presidente foi condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Ele está inelegível até 2030. Na entrevista,  disse que os processos são para tirá-lo do jogo político porque aparece com vantagem em pesquisas de intenção de voto. Afirmou que em 2022, quando foi candidato à reeleição, o TSE “pesou a mão” contra ele.

O QUE DIZ A DEFESA

Em nota, a defesa de Bolsonaro disse que “recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas” contra o ex-presidente e que ainda não teve acesso à decisão de Moraes.

Eis a íntegra da nota:

“A defesa do ex-Presidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário.

“A defesa irá se manifestar oportunamente, após conhecer a decisão judicial.”


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