Nota assinada pelo presidente diz que a ação do governo Donald Trump é ‘mais uma medida arbitrária e completamente sem fundamento do governo dos Estados Unidos’
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com veemência à decisão dos Estados Unidos de revogar os vistos diplomáticos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do procurador-geral da República. A medida, anunciada na sexta-feira (18) pelo secretário de Estado do governo de Donald Trump, senador Marco Rubio, atingiu diretamente Alexandre de Moraes — considerado o principal alvo — além de outros sete ministros da Corte: Luís Roberto Barroso, Flávio Dino, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Edson Fachin, além de Paulo Gonet. Ficaram de fora apenas André Mendonça, Luiz Fux e Nunes Marques.
Em nota oficial divulgada pelo Palácio do Planalto na manhã deste sábado (19), Lula classificou a ação como uma interferência inaceitável de um país estrangeiro no sistema de Justiça brasileiro. “Fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações”, afirmou o presidente. Ele também qualificou a atitude do governo Trump como “mais uma medida arbitrária e completamente sem fundamento”, em um momento de forte tensão entre os Poderes e diante da tentativa de setores radicais de desacreditar o Judiciário brasileiro.
A retaliação ocorre após decisões recentes do ministro Alexandre de Moraes, relator de ações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi submetido a restrições como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de uso de redes sociais. As medidas judiciais fazem parte do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado e os ataques à democracia ocorridos em 8 de janeiro de 2023.
Na mesma nota, Lula reiterou confiança na independência das instituições nacionais. “Estou certo de que nenhum tipo de intimidação ou ameaça, de quem quer que seja, vai comprometer a mais importante missão dos poderes e instituições nacionais, que é atuar permanentemente na defesa e preservação do Estado Democrático de Direito”, declarou.
A escalada de tensões se intensificou após Donald Trump enviar uma carta a Jair Bolsonaro na quinta-feira (17), na qual exige o encerramento imediato do julgamento da ação penal contra o ex-presidente brasileiro. Trump também vinculou o aumento tarifário de 50% sobre produtos brasileiros — anunciado dias antes — como uma resposta política ao andamento do processo judicial que envolve seu aliado ideológico.
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