Quem tem visto cancelado para os EUA não é informado

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse na 6ª feira (18.jul.2025) que cancelou o visto do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e de colegas do magistrado na Corte, bem como de seus familiares. Foi o que bastou para parte da mídia brasileira começar a divulgar listas de nomes que teriam sido alvos da medida sem nenhum tipo de comprovação oficial. Alguns veículos passaram a dizer que familiares dos atingidos que moram nos Estados Unidos seriam deportados imediatamente. É improvável que isso ocorra, pelo menos proximamente.

O mais importante a levar em conta é que os Estados Unidos não informam as pessoas que tiveram seus vistos cancelados. O visto é cancelado e pronto. Na maioria dos casos, o alvo da medida nem fica sabendo. O efeito prático só se dá quando essa pessoa pretende viajar. Ao fazer o check-in, digital ou no aeroporto, o visto é checado e a companhia aérea informa que o embarque não poderá ser realizado.

Em algumas situações, se a pessoa por algum motivo embarca porque a checagem do visto não foi feita no check-in no Brasil, o processo de barrar a entrada será no controle de passaporte ao chegar nos Estados Unidos. Ao mostrar seu documento, o viajante será informado que não pode entrar no país. Passará pelo constrangimento de ficar numa sala do aeroporto até que possa embarcar num voo de volta –muitas vezes sem poder tomar banho nem trocar de roupa.

No caso do cancelamento de vistos de Moraes e de “seus aliados no Tribunal”, como escreveu Marco Rubio, a mídia especulou que os magistrados atingidos seriam estes (em ordem alfabética): Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Dias Toffoli, Edson Fachin, Flávio Dino, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso. Não estariam incluídos nessa lista só 3 magistrados do STF: André Mendonça, Kassio Nunes Marques e Luiz Fux.

A mídia brasileira também especulou, sem citar fontes oficiais de maneira clara nem nenhum tipo de comprovação, que teriam sido incluídos na relação de Marco Rubio outras autoridades brasileiras. Nessas especulações entraram estas pessoas: Andrei Rodrigues (diretor-geral da Polícia Federal), Fábio Schor (delegado da Polícia Federal), Paulo Gonet (procurador-geral da República), Ricardo Lewandowski (ex-ministro do STF e atual ministro da Justiça) e Rodrigo Pacheco (senador pelo PSD de Minas Gerais e ex-presidente do Senado)

Nenhuma dessas informações sobre quem teria perdido visto de entrada nos EUA foi confirmada pelo Departamento de Estado norte-americano.

Também há especulações sobre familiares de ministros do STF que estudam ou trabalham nos EUA e que poderiam ser deportados. É improvável que isso ocorra no curto prazo. Luiz Roberto Barroso tem um filho, Bernardo Barroso, que trabalha para o banco brasileiro BTG em Miami. Não há informações oficiais do Departamento de Estado sobre se o ministro ou integrantes de sua família teriam perdido os vistos de entrada nos EUA.