“Democracia sempre”, diz Lula em manifesto assinado por 5 países

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou neste domingo (20.jul.2025) no X (ex-Twitter) um manifesto intitulado “democracia sempre”. O texto também é assinado pelos presidentes do Chile, Gabriel Boric Font (Frente Ampla, esquerda), da Espanha, Pedro Sánchez Pérez-Castejón (Psoe, centro-esquerda), do Uruguai, Yamandú Orsi (Frente Ampla, esquerda), e da Colômbia, Gustavo Petro (Colômbia Humana, esquerda).

Os 5 presidentes disseram que “não cabe o imobilismo nem o medo” diante dos desafios enfrentados pelos regimes democráticos. Afirmaram que, com o mundo cada vez mais polarizado, os “líderes progressistas” têm o dever de agir com convicção e responsabilidade “frente àqueles que pretendem enfraquecer a democracia e suas instituições”.

Os presidentes defendem que a democracia é o melhor caminho possível para garantir a paz. Defenderam estratégias para impulsionar o multilateralismo, o desenvolvimento sustentável, a justiça social e os direitos humanos.

“A democracia é frágil se não for cuidada. Hoje nos reúne a certeza compartilhada da necessidade de melhorar a resposta do Estado às demandas de nossos povos e governar com eficácia, com justiça, com direitos. Com democracia, sempre”, disse.

O manifesto disse que a democracia enfrenta “grande desafios”, e citou:

  • erosão das instituições;
  • avanço dos discursos autoritários impulsionados por diferentes setores públicos;
  • crescente desinteresse dos cidadãos.

Segundo o texto, esse cenário impõe um “mal-estar profundo” na sociedade, principalmente com as “persistentes desigualdades, o retrocesso nos direitos fundamentais, a disseminação da desinformação e de discurso de ódio em plataformas digitais e a expansão de redes criminosas que desafiam a legitimidade do Estado”.

O manifesto disse ainda que é preciso fortalecer e renovar a democracia para criar mais oportunidades para as gerações futuras. Afirma que “é com mais democracia” que saberemos como “melhor nos adaptaremos aos desafios globais impostos pela inteligência artificial ou a mudança do clima”.

Os 5 presidentes defendem a construção de propostas conjuntas e eficazes para fortalecer a coesão social, a participação cidadã e a confiança nas instituições.

Sabemos também que defender a democracia exige que sejamos capazes de condenar as derivas autoritárias e, ao mesmo tempo, falar de forma positiva, propondo reformas estruturais para enfrentar a desigualdade em nossos países e no mundo

EVENTO NO CHILE

Lula embarca no final da tarde deste domingo (20.jul.2025) para Santiago, no Chile. Ele participará de evento na 2ª feira (21.jul.2025) sobre “Defesa da Democracia”. Os 4 outros presidentes signatários do manifesto estarão presentes. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, esteve no Palácio da Alvorada no sábado (20.jul.2025) para definir a agenda do presidente.

Segundo o manifesto, o evento é uma “iniciativa que busca defender a democracia como um bem comum”.

Leia a íntegra do manifesto:

DEMOCRACIA SEMPRE

“Em diferentes partes do mundo, a democracia enfrenta um momento de grandes desafios. A erosão das instituições, o avanço dos discursos autoritários impulsionados por diferentes setores políticos e o crescente desinteresse dos cidadãos são sintomas de um mal-estar profundo em amplos setores da sociedade. A isso se somam as persistentes desigualdades, o retrocesso nos direitos fundamentais, a disseminação da desinformação e de discursos de ódio em plataformas digitais, e a expansão de redes criminosas que desafiam a legitimidade do Estado.

“Diante desse cenário, não cabe o imobilismo nem o medo. Defendemos a esperança. Em um mundo cada vez mais polarizado, como líderes progressistas temos o dever de agir com convicção e responsabilidade frente àqueles que pretendem enfraquecer a democracia e suas instituições. Porque não basta evocar a democracia nem falar em seu nome: devemos fortalecê-la, renová-la e torná-la significativa para aqueles que sentem suas promessas não cumpridas. É com mais democracia que criaremos mais oportunidades para as gerações futuras, e como melhor nos adaptaremos aos desafios globais impostos pela inteligência artificial ou a mudança do clima. Resolver os problemas da democracia com mais democracia, sempre.

“Esse é o princípio que convoca os governos do Chile, Brasil, Espanha, Uruguai e Colômbia à Reunião de Alto Nível “Democracia Sempre”, a ser realizada em Santiago no próximo dia 21 de julho.

“Esse esforço compartilhado não é apenas a continuação do encontro impulsionado pelos governos do Brasil e da Espanha durante a Assembleia Geral das Nações Unidas no ano passado, mas dá um passo adiante. Porque, longe de ser um gesto isolado ou simbólico, é uma iniciativa que busca defender a democracia como um bem comum.

“Sabemos que as democracias não se constroem apenas a partir dos governos. Construir propostas conjuntas e eficazes que fortaleçam a coesão social, a participação cidadã e a confiança nas instituições é um trabalho que não pode se limitar a cartas de boas intenções ou recair apenas sobre os governos de turno e seus representantes. Por isso, essa iniciativa também convoca organizações sociais, centros de pensamento, juventudes e diversos atores da sociedade civil, porque sua participação e ação são fundamentais para que a democracia recupere sua capacidade transformadora.

“Sabemos também que defender a democracia exige que sejamos capazes de condenar as derivas autoritárias e, ao mesmo tempo, falar de forma positiva, propondo reformas estruturais para enfrentar a desigualdade em nossos países e no mundo. A história nos demonstrou repetidamente que a democracia é o melhor caminho possível para garantir a paz e a coesão social, e as oportunidades para todos. Impulsionar estratégias comuns em favor do multilateralismo, do desenvolvimento sustentável, da justiça social e dos direitos humanos é um imperativo ético e político. Porque a democracia é frágil se não for cuidada.

“Hoje nos reúne a certeza compartilhada da necessidade de melhorar a resposta do Estado às demandas de nossos povos e governar com eficácia, com justiça, com direitos. Com democracia, sempre. E com a convicção de que defender a democracia nestes tempos difíceis não é apenas resistir e proteger, mas propor e seguir avançando. Essa é a tarefa urgente do nosso tempo”.

 

Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente da República Federativa do Brasil

Gabriel Boric Font

Presidente da República do Chile

Pedro Sánchez Pérez-Castejón

Presidente do Governo da Espanha

Yamandú Orsi Martínez

Presidente da República Oriental do Uruguai

Gustavo Petro Urrego

Presidente da República da Colômbia