Jovens deixam de entrar na faculdade por causa das bets, diz Girão

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) falou na 4ª feira (15.jul.2025) sobre o impacto das apostas on-line sobre a educação. O senador disse que, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedores do Ensino Superior, 34% dos jovens de 18 a 35 anos adiaram o ingresso na faculdade em 2025 por causa dos gastos com jogos de azar. O problema atinge principalmente as classes C, D e E, com destaque para beneficiários do Bolsa Família.

Girão também citou levantamento do Banco Central, segundo o qual, só em agosto de 2024, cerca de 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família usaram o Pix para pagar R$ 3 bilhões em apostas on-line.

O senador afirmou que parte significativa desses apostadores ganha até 2 salários mínimos e compromete recursos destinados à alimentação. Associou o problema à atuação de influenciadores digitais e à falta de controle por parte do governo.

“Segundo o Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada], cada ponto percentual de renda familiar transferido para as apostas drena R$ 5 bilhões do comércio varejista de alimentos. Como o governo ainda está cego, surdo e mudo diante desse grave problema social –poderia ser mais contundente contra isso, mas não é–, cabe ao Congresso fazer a sua parte, cumprindo com seu o dever perante a grande maioria da população brasileira, e coibir a jogatina”, declarou Girão.

O senador questionou a efetividade do programa Pé-de-Meia, lançado em 2024 para estimular a permanência de estudantes de baixa renda no ensino médio. Para ele, há uma contradição entre os repasses financeiros feitos pelo governo e a ausência de medidas contra a disseminação dos jogos de azar. “Dá com uma mão e tira com a outra”, disse o congressista.

Girão defendeu a aprovação de projetos que proíbam o funcionamento de casas de apostas e restrinjam a publicidade do setor: “Depois do desastre provocado pela liberação das bets, a autorização para o funcionamento de cassinos e bingos deve ser rechaçada. Errar uma vez é ruim, mas errar duas vezes é injustificável, porque estamos tratando de um vício que destrói famílias e leva muitos ao suicídio”.


Com informações da Agência Senado.