“Momento mais difícil na história do Brasil”, diz José Dirceu

O ex-ministro José Dirceu disse neste domingo (20.jul.2025) que talvez este seja o momento mais difícil na história do Brasil “desde a República”. Ele comparou o cenário político atual à 2ª Guerra Mundial, quando o Brasil se juntou ao bloco dos Aliados para combater o fascismo e o nazismo. 

As declarações foram feitas em live neste domingo (20.jul.2025) com o tema “É hora de defender o Brasil”. Além de Dirceu, participam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente e ministro Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do PT Nacional, Edinho Silva

Na 2ª Guerra Mundial, o Brasil foi aliado de Estados Unidos, Reino Unido, União Soviética e França Livre, integrando o bloco dos Aliados. “Talvez seja o momento mais difícil na história do Brasil desde a República. É verdade que tivemos que tomar uma decisão grave e importante de entrar na 2ª Guerra Mundial ao lado dos Aliados para combater exatamente o nazifascismo”, declarou Dirceu. 

O ex-ministro disse que brasileiros e brasileiras derramaram sangue para defender a democracia. Ele afirmou que enfrentaram “exatamente o que nós vivemos hoje: uma ameaça fascista da extrema-direita”.

O ministro declarou que o que “está em jogo” é o bem-estar das famílias, a economia, a cultura e a soberania do país. 

Nós assistimos aos fatos lá nos Estados Unidos do assalto ao Capitólio (2021). Não é por coincidência que aqui repetiu-se no 8 de Janeiro (2023). Todos nós conhecemos hoje, em detalhe, qual era o plano punhal verde e amarelo de assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro [do STF] Alexandre de Moraes”, declarou o ex-ministro da Casa Civil. 

Ele afirmou que há conspiração e ameaças que pairam sobre o Brasil. Citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Dirceu disse que é “evidente” que as medidas adotadas de tarifaço dos EUA são medidas que atacam a democracia e a soberania do país. 

 “Membros da família Bolsonaro, não só Eduardo Bolsonaro, mas também Flávio Bolsonaro e o próprio Bolsonaro, [estão] conspirando nos Estados Unidos num ato criminoso de traição nacional”, disse Dirceu.  

Dirceu foi ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula de janeiro de 2003 até junho de 2005. Foi um dos principais articuladores políticos do início do 1º mandato do presidente. Dirceu foi condenado e ficou preso por 2 anos e 3 meses pela operação Lava Jato. Em outubro de 2024, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes anulou todas as condenações do ex-ministro na Lava Jato

TARIFAÇO E BOLSONARO 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), anunciou tarifa de 50% sobre os produtos exportados pelo Brasil ao país norte-americano. A sobretaxação entra em vigor em 1º de agosto. Na carta que anuncia o tarifaço, Trump disse que o ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro (PL) está sendo alvo de perseguição. 

Depois do anúncio, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes mandou colocar tornozeleira eletrônica em Bolsonaro como medida cautelar. O ex-presidente também foi alvo de buscas e apreensão da PF (Polícia Federal). 

O Poder360 mostrou neste domingo (20.jul.2025) que manifestações de autoridades brasileiras produziram um grau de irritação um pouco maior na Casa Branca. O resultado é que possivelmente não terá sucesso a negociação para adiar a entrada em vigor da tarifa de importação de 50% dos EUA sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. 

Alckmin coordenou uma série de reuniões na última semana com empresários e centrais sindicais para receber e estudar propostas para reverter o tarifaço. Em carta encaminhada ao governo norte-americano, o Poder Executivo manifestou “indignação” e cobrou resposta dos EUA para a negociação das tarifas.