O município de Dom Eliseu, no sudeste do Pará, voltou a ser palco de uma execução sumária digna de um faroeste sombrio e cruel — só que real. O empresário Sabino Serapião Matos, homem de raízes profundas na cidade e pertencente a uma família tradicional — seu pai foi delegado de polícia — foi brutalmente assassinado em plena via pública, na avenida JK de Oliveira, centro da cidade.
Ele estava sentado em uma calçada e conversava com um amigo, na noite deste sábado, 19, quando foi alvejado pelas costas, com tiros certeiros na cabeça, disparados por um homem encapuzado que chegou de motocicleta e fugiu com a mesma frieza com que matou.
Imagens de câmeras de segurança enviadas ao portal Ver-o-Fato mostram a execução milimetricamente planejada. Sabino, segundo relatos, sequer teve tempo de reagir, mesmo estando armado. O amigo com quem conversava foi poupado. A mensagem é clara: o alvo era ele, e mais ninguém.
O crime expõe de forma gritante a face cruel de um município controlado por velhas oligarquias, onde o poder paralelo não se esconde mais nas sombras. Ali, quem desobedece acordos — sejam financeiros, políticos ou morais — corre risco de vida. E não é figura de linguagem. Corre mesmo.
Dom Eliseu, encravado entre duas rodovias federais importantes, a BR-010 (Belém-Brasília) e a BR-222, transformou-se em rota de facções criminosas, abrigo de pistoleiros de aluguel vindos do Maranhão e do Piauí, e reduto de vinganças antigas que nunca morrem.

Sabino Serapião Matos, o empresário, conversava com um amigo na frente de uma loja quando foi assassinado
Acerto de contas
“Isso não tem cheiro de facção. Tem cheiro de acerto velho, de outra era”, confidenciou um policial da região, sob condição de anonimato. Segundo ele, Sabino já estava jurado de morte — por motivos que ninguém ousa comentar em público. Há medo. E muito.
Outro agente da lei, igualmente em off, revelou que nesse tempero de violência também figura o Comando Vermelho, cujos integrantes principais operam de longe, dando ordens por lives transmitidas dos morros do Rio de Janeiro para os “soldados” da região. É o crime digitalizado: sangue real, comando remoto.
A população, chocada e cada vez mais descrente das instituições, vive sob o domínio de um código não escrito — onde a justiça é feita no cano da arma, e os tribunais são os porões de acordos secretos, onde se decide quem vive e quem morre.
A sensação de impunidade é tão forte quanto o medo de falar. Todos sabem de tudo, mas ninguém diz nada.
Polícia caça vento
O assassinato de Sabino Serapião Matos, completam moradores assustados, não é um caso isolado. É apenas mais um capítulo de uma crônica que se repete em dezenas de municípios da Amazônia brasileira, onde a ausência do Estado cria zonas de exceção.
Em Dom Eliseu, o poder se divide entre velhos coronéis, novos criminosos organizados e o silêncio de quem só quer sobreviver. Enquanto isso, a polícia corre atrás do vento, com efetivo limitado, tecnologia precária e ordens frágeis frente a estruturas criminosas que já se enraizaram.
A execução de Sabino deve ser investigada com seriedade, mas principalmente com coragem. Porque, por trás dos tiros, há uma engrenagem social e política que alimenta esse tipo de crime. E enquanto ela girar livremente, outros Sabinos cairão — com ou sem facção no meio.
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