Antes do apito inicial, o tom era de deboche. Jornalistas esportivos de Curitiba (PR), na bolha do favoritismo do Coritiba, não só duvidavam de qualquer possibilidade real de vitória do Paysandu, como tratavam o confronto como uma espécie de protocolo — uma formalidade para confirmar mais três pontos ao líder da Série B. Nas mesas redondas e transmissões locais, o Papão era “improvável”, “descaracterizado” e “frágil demais” para representar ameaça.
Mas o futebol, esse maravilhoso destruidor de previsões arrogantes, escreveu outra história. Uma goleada histórica: Paysandu 5, Coritiba 2. Uma noite de aula, imposição e superioridade tática e emocional do time paraense, jogando fora de casa como se estivesse na Curuzu.
A virada de percepção foi tão grande que, ao final do jogo, os mesmos jornalistas que desdenharam se viram obrigados a reconhecer a superioridade do Bicolor.
O descrédito inicial não foi casual. Foi fruto de um vício de análise comum na imprensa esportiva do Sul e Sudeste: o preconceito estrutural contra clubes do Norte do Brasil. Para muitos analistas curitibanos, o Paysandu não era adversário, era figurante. A realidade? O Papão atropelou.
Com dois gols de Diogo Oliveira, dois de Garcês (em noite de “lei do ex”) e um de Marlon, em cobrança de pênalti, o time de Belém humilhou o líder da competição diante de mais de 40 mil torcedores, que saíram em silêncio do Couto Pereira. O Coritiba, que havia levado apenas seis gols em todo o campeonato, tomou cinco em 90 minutos.
A queda da máscara e a rendição dos microfones
Nas transmissões locais, o tom mudou à força. O que antes era desprezo virou perplexidade, e, por fim, admiração. As expressões foram as mais sinceras possíveis: “Que barbaridade!”, “Tô atordoado”, “Fator 5 a 2 para o Paysandu!”, “Pavorosa noite do sistema defensivo do Coritiba”.
Um deles chegou a comparar a narração dos gols à do 7×1 da Alemanha sobre o Brasil, tamanha foi a sensação de colapso no ar.
A virada no placar não foi só numérica. Foi simbólica. Representou um soco no preconceito esportivo, uma afirmação técnica e emocional de um clube do Norte que se recusa a ser subestimado. O Paysandu mostrou ao Brasil — e especialmente à imprensa do Sul — que camisa pesa, sim, mas futebol também se joga com inteligência, coragem e disciplina.
O futebol ainda ensina humildade
A repercussão nas redes não perdoou. Torcedores adversários, inclusive rivais regionais como os do Remo, se renderam à grandeza da atuação. A torcida do Paysandu explodiu em orgulho, e a bancada curitibana se calou ou se retratou, diante daquilo que não puderam mais ignorar: o Papão foi gigante.
No fim, talvez essa seja a maior lição da noite: o futebol ainda é o palco da imprevisibilidade e da justiça poética. O descrédito dos microfones caiu por terra junto com a invencibilidade do líder. E quem sorriu por último foi o time que mais acreditou — o Paysandu.
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