Empresa usa assinatura de morto em projeto de emenda de Jordy, diz portal

Uma ONG apresentou um documento assinado por um homem já falecido em um projeto esportivo financiado com emenda parlamentar da bancada do Rio de Janeiro, na prática assumida pelo deputado Carlos Jordy (PL-RJ). A informação foi divulgada pelo portal UOL, que identificou a assinatura de Edson Diniz Ângelo, morto em novembro de 2023, em uma proposta datada de 23 de fevereiro de 2024, quase 3 meses depois do seu falecimento. O caso envolve o projeto Mais Rio em Movimento, que recebeu R$ 4,8 milhões por meio da emenda.

Segundo a apuração, a assinatura de Ângelo consta em uma cotação da empresa Transtar Serviços Empresariais durante a fase de pesquisa de preços para locação de veículos para o projeto. O Mais Rio em Movimento oferece aulas gratuitas de esportes como boxe, karatê e futebol em 21 núcleos, sendo 13 deles em Niterói, principal base eleitoral de Jordy. O projeto teve início em março de 2023 e está previsto para ser encerrado neste mês de julho de 2025.

O UOL apurou que a Transtar participou de ao menos 40 pesquisas de preços desde 2021 para diferentes serviços em projetos financiados com emendas parlamentares, mas nunca venceu nenhuma concorrência. As pesquisas foram conduzidas por várias ONGs, entre elas os institutos Realizando o Futuro, Carioca de Atividades, Fair Play, Brasil Social e a ONG Con-tato.

Desde 2023, o deputado Carlos Jordy destinou outros R$ 13 milhões em emendas para o Instituto Realizando o Futuro, a ONG Con-tato e o ICA. Após reportagens do UOL levantarem suspeitas sobre essas organizações, cerca de R$ 9 milhões foram redirecionados para 3 outras entidades sem histórico expressivo de repasses federais: Inatos, Núcleo Social Bem Viver e Movimento Cultural Social.

A Justiça Federal tenta localizar representantes da Transtar desde o início de 2025 devido a uma dívida de R$ 143 mil em tributos federais.

Edson Ângelo, cuja assinatura aparece na proposta da Transtar, também era proprietário da DHB Empreendimentos, que recebeu R$ 436 mil depois de sua morte em um projeto ambiental realizado pela ONG Con-tato com recursos do governo estadual do Rio de Janeiro.

Para o serviço de transporte no Mais Rio em Movimento, o Instituto Realizando o Futuro contratou a Telecoop Cooperativa de Transporte por R$ 8.320 mensais —R$ 5.320 para carros sem motorista e R$ 3.000 para combustível— durante 16 meses. A Telecoop já recebeu R$ 124.800, mas as notas fiscais emitidas não detalham o número de veículos utilizados nem o volume de combustível consumido.

O Poder360 entrou em contato com o deputado Carlos Jordy, o Instituto Realizando o Futuro e a Unirio, mas ainda não obteve resposta. O espaço segue aberto.