O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 2ª feira (21.jul.2025) que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja algum tipo de auxílio às empresas afetadas pelo tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil. Segundo ele, a alternativa será apresentada ao presidente até o fim da semana.
“Estamos […] preparando para apresentar esta semana ao presidente quais são as alternativas que temos, tanto em relação à lei da reciprocidade, quanto em relação ao eventual apoio que o presidente queira considerar em relação aos setores mais prejudicados”, declarou o ministro em entrevista à rádio CBN.
O presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano), impôs uma taxa de 50% sobre as importações brasileiras. A medida está marcada para valer a partir de 1º de agosto.
Questionado se o prazo se confirmaria, Haddad respondeu que o governo trabalha com esse e outros cenários. Afirmou que Lula vai definir um plano de “contingência” a depender do que vier.
“Podemos chegar no dia 1º [de agosto] sem resposta? Esse é um cenário que não podemos, nesse momento, desconsiderar. Estamos considerando, inclusive. Mas não é o único”, disse.
O ministro da Fazenda sinalizou que um possível apoio financeiro viria não só por meio dos gastos discricionários –aquele que vem do dinheiro dos pagadores de impostos. Fez uma comparação com o auxílio ao Rio Grande do Sul durante as enchentes de 2024, quando foram ofertadas linhas de crédito além dos recursos do Tesouro.
“São cenários e são planos de contingência que contam com combinações diferentes de instrumentos de política econômica”, declarou.
Petróleo e ferro estão entre os produtos mais vendidos pelos brasileiros aos norte-americanos em 2024. Ou seja, as empresas desse ramo devem estar entre as prejudicadas:
Trump anunciou o tarifaço em carta publicada nas redes sociais. Haddad disse que duvidou da “veracidade” da postagem “em um 1º momento”.
BOLSONARO & TARIFAÇO
O julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi um dos motivos que levou à tarifa de 50% sobre o Brasil. Trump disse respeitar “profundamente” o político brasileiro e já pediu que o processo parasse “imediatamente”.
Haddad voltou a criticar a família Bolsonaro durante a entrevista desta 2ª feira (21.jul). Segundo o chefe da equipe econômica, o grupo atua “contra” o Brasil na tentativa de se livrar da ação no Supremo.
“Tem uma família no Brasil, que tem algum prestígio na sociedade, e que está concorrendo contra os interesses nacionais. No meu ponto de vista, precisamos localizar nesse problema a discórdia que está acontecendo”, disse.
Bolsonaro é acusado de envolvimento em tentativa de golpe de Estado. Virou réu no STF em 26 de março.
O ministro da Fazenda afirmou que esperava alguma imposição comercial de Trump por causa do caso envolvendo o ex-presidente. Apesar disso, declarou que o patamar da taxa era imprevisível.
“Cheguei, em uma entrevista que dei 2 dias antes, a prever que alguma coisa aconteceria. Por quê? Porque sabia […] que a família Bolsonaro estava reivindicando sanções, que o país fosse punido pelo fato de o seu sistema de Justiça funcionar”, disse.
Já durante o tarifaço, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou na 6ª feira (18.jul) que o Bolsonaro deveria usar tornozeleira eletrônica e não poderia publicar nas redes sociais.