Netflix mantém estratégia seletiva para transmissões esportivas

O presidente-executivo da Netflix, Ted Sarandos, afirmou na última 6ª feira (18.jul.2025) que a empresa não pretende mudar sua estratégia em relação aos direitos de transmissão esportiva. Segundo ele, a gigante do streaming continuará investindo apenas em propriedades que façam sentido estratégico e financeiro, sem ceder à pressão do mercado, de acordo com o site SportsPro.

Apesar de ter entrado mais tarde ao segmento, a Netflix já mudou parte de seu posicionamento nos últimos anos. Antes, evitava investir em esportes ao vivo por considerar esse tipo de conteúdo caro, passageiro e regionalizado – características que contrastam com o modelo de negócios da empresa, baseado em produções exclusivas e com potencial de longo prazo.

Agora, a empresa aposta em eventos pontuais, com potencial de atrair novos assinantes e gerar impacto nas conversas sociais. Exemplos incluem um acordo de US$ 5 bilhões com a empresa de entretenimento de luta livre WWE (World Wrestling Entertainment), transmissões de lutas de boxe e de influenciadores digitais e, mais recentemente, jogos da NFL (National Football League) no Natal.

A Netflix também já garantiu os direitos de transmissão da Copa do Mundo Feminina da Fifa (Federação Internacional de Futebol) em 2027 e 2031.

Esses investimentos contribuíram para o crescimento da receita da empresa, que registrou alta de 16% no trimestre mais recente. O bom desempenho financeiro gerou especulações de que a plataforma poderia disputar mais direitos esportivos, em um mercado no qual o conteúdo ao vivo se tornou um diferencial competitivo importante.

Um dos rumores mais recorrentes envolve a F1 (Fórmula 1). A Netflix ajudou a popularizar a categoria com a série documental “Drive to Survive”, e há expectativa sobre uma possível proposta para manter esse público cativo. A Apple TV teria oferecido US$ 150 milhões anuais pelos direitos da F1, o que levantou a hipótese de uma reação da Netflix.

Mas, em conversa com investidores, Sarandos afastou a possibilidade de grandes investimentos fora do planejamento atual.

“Continuamos interessados em eventos ao vivo que tenham impacto desproporcional na aquisição e retenção de assinantes, mas não a qualquer preço”, disse. Segundo ele, os esportes representam um “subcomponente” da estratégia da Netflix, que seguirá priorizando grandes eventos de fácil aquisição e com apelo global, de acordo com o site SportsPro.

“O conteúdo ao vivo é uma pequena fração do total de gastos da Netflix. Temos cerca de 200 bilhões de horas de visualização, e esse conteúdo representa uma parte bem pequena disso. Mas nem todas as horas são iguais: o conteúdo ao vivo gera engajamento e tem um impacto positivo muito grande”, afirmou.

Sarandos citou como exemplos os eventos já contratados, como a luta entre Canelo e Crawford, em 13 de setembro de 2025, e as transmissões semanais da WWE. Segundo ele, o foco atual é nos Estados Unidos, mas há planos de expansão global nos próximos anos.

Atualmente, a Netflix não tem estrutura própria para produzir eventos esportivos ao vivo. A programação da WWE, por exemplo, é realizada pela própria organização, enquanto os jogos da NFL são produzidos pela CBS. Mas Sarandos não descarta internalizar parte dessas operações no futuro.

“Conforme formos fazendo mais, podemos optar por trazer isso para dentro de casa”, afirmou. “Já produzimos alguns eventos e continuaremos usando parceiros, mas queremos garantir que essas transmissões tenham o DNA da Netflix.”