Os peixes-boi-da-amazônia chegaram ao Zoológico da Universidade da Amazônia ainda filhotes, debilitados, órfãos e vítimas da caça ilegal de fêmeas lactantes. Foto: Avner Clemente/Divulgação
O Ibama está à frente de duas ações fundamentais para a conservação do peixe-boi-da-amazônia (Trichechus inunguis), espécie emblemática e ameaçada na região Norte. Em parceria com o Instituto Bicho D’água e a TGS, o órgão lançou o Projeto de Conservação de Peixes-Boi no Pará, que visa estruturar uma rede integrada de resgate, reabilitação e soltura desses animais. A iniciativa, vinculada a condicionantes de licenciamento ambiental federal, inclui a construção de um Recinto de Aclimatação em Soure (Marajó) e o fortalecimento de centros especializados em Castanhal. “Estamos inaugurando uma gestão voltada à proteção de espécies ameaçadas, com envolvimento de comunidades tradicionais”, afirmou Luiz Paulo Abarelli, diretor do Ibama no Pará.

Soltura histórica reforça protagonismo comunitário
Em paralelo, o Ibama celebrou a soltura de seis peixes-boi reabilitados pelo ZOOUNAMA em Santarém, após anos de cuidados. O evento, financiado com recursos de conversão de multas ambientais, destacou o papel essencial da Comunidade Igarapé do Costa, onde moradores atuam como guardiões da espécie. O evento reuniu moradores, autoridades ambientais e representantes da Ser Educacional e marcou mais uma etapa do projeto que, há 17 anos, atua na recuperação de filhotes órfãos da espécie, exclusiva da bacia amazônica e ameaçada de extinção.
“Sem o engajamento local, não há conservação efetiva“, destacou Luis Albarelli, analista do Ibama. Os animais – batizados com nomes de comunidades onde foram resgatados – passaram por aclimatação em tanques com água do rio antes da soltura, seguindo protocolos científicos.
- Araraú – macho resgatado em 2021, na comunidade Araraú, em Alenquer;
- Itarim – resgatado em 2016, no Lago do Itarim, Rio Amazonas, em Santarém;
- Pacoval – resgatado em 2014, na Comunidade Pacoval, em Alenquer;
- Piracaoera – fêmea resgatada em 2016, na Comunidade Piracoera de Cima, em Santarém;
- Ruck – resgatado em 2013, na Comunidade Irateua, em Óbidos;
- Tapiri – resgatada em 2014, na Comunidade Tapará Mirim, em Santarém.

Estruturação e educação ambiental
As ações combinam pesquisa científica e educação ambiental. Enquanto o projeto no Marajó gerará dados sobre comportamento e hibridização da espécie, a iniciativa em Santarém mobiliza escolas e pescadores. “O peixe-boi é o jardineiro da Amazônia: fertiliza rios e mantém a cadeia alimentar. Queremos vê-lo fora da lista de espécies ameaçadas”, explicou Jairo Moura, veterinário do ZOOUNAMA.
Desafios e próximos passos
Apesar dos avanços, o Ibama alerta para a escassez de infraestrutura e a necessidade de ampliar parcerias. “Estamos monitorando os animais soltos e pressionando por políticas públicas permanentes”, afirmou Lívia Martins, diretora do Ibama. Com a COP30 no horizonte, as iniciativas reforçam o papel estratégico do órgão na proteção da biodiversidade amazônica.

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