Treinamento militar em Marabá prepara tropas para a COP30

Com um efetivo previsto de 1.200 militares para atuar na Conferência do Clima (COP30), que será realizada em novembro em Belém, a 23ª Brigada de Infantaria de Selva realiza nesta semana, de 21 a 25 de julho, em Marabá, um exercício de simulação construtiva. A atividade integra o Programa de Certificação do Comando de Operações Terrestres do Exército Brasileiro e tem como objetivo preparar a tropa para atuar em ambientes urbanos e de selva, tanto em operações de defesa quanto em apoio à atuação de órgãos civis durante grandes eventos.

O treinamento consiste em um exercício tático realizado em Postos de Comando, nos quais são empregados meios computacionais para a apresentação digital de simulação de operações continuadas de combate, apoio ao combate e logística. Dessa forma, provê-se realismo aos resultados das integrações quanto ao consumo de suprimentos, tempo e os resultados de pessoal e material.

Na manhã desta terça-feira (22), equipe do Correio de Carajás e de outros órgãos de imprensa estiveram no quartel do 23º Batalhão Logístico de Selva (Blog), às margens da rodovia Transamazônica, a convite do Exército, para acompanhar de perto a primeira fase do exercício, voltada ao planejamento estratégico. Durante a visita, foram apresentadas as estruturas dos Postos de Comando (PCs) organizadas para a operação, além de demonstrações práticas das técnicas e tecnologias empregadas pelo Exército.

SIMULAÇÃO ESTRATÉGICA

Os jornalistas acompanharam de perto um cenário de guerra fictício, onde os militares realizam planejamentos operacionais e logísticos diante de situações simuladas, como o funcionamento de um bunker camuflado em área afastada. O exercício contempla o uso de tecnologias militares aplicáveis tanto nas operações de guerra quanto nas ações de cooperação e coordenação com agências, como as previstas para a COP30.

Jornalistas recebem informações sobre a operação

Entre os diversos Postos de Comando (PCs), também foi apresentado um PC sobre rodas, montado em viaturas militares, com capacidade de mobilidade rápida. A equipe ainda participou de uma demonstração com cães farejadores, treinados para detectar drogas e explosivos.

Comandando a 23ª Brigada de Infantaria de Selva, o general Eduardo Veiga destacou que o treinamento é parte de uma rotina anual de adestramento da unidade, responsável por manter um estado permanente de prontidão.

Os cães farejadores realizam a segurança, busca e resgate, além de detectar substâncias

“Todo ano nós realizamos esse treinamento. A 23ª Brigada é força de prontidão do Comando Militar do Norte e força de emprego estratégico do Exército Brasileiro. Por essa razão, temos que fazer essa certificação da força de prontidão”, afirma.

Ele ainda explicou que a certificação das tropas ocorre em três fases, sendo o treinamento de planejamento operacional desenvolvido primeiro, com foco em simulação construtiva. “Desdobramos nossos postos de comando, que vocês visitaram, com militares de Imperatriz, Marabá, Itaituba e Altamira, fazendo um estudo de situação dentro de um contexto simulado de combate”, explica.

Segundo o general, os militares integram diferentes áreas e devem, juntos, realizar planejamento, execução e análise de operações por meio de softwares desenvolvidos pelo próprio Exército.

“Há uma simulação de combate em que é preciso integrar planejamento, execução de fogos e manobrabilidade das frações, para encontrar resultados para a simulação de combate. Isso ocorre com o uso de softwares desenvolvidos pelo Exército, nos quais inserimos eventos para que a tropa realize a simulação, estudo continuado e processo de tomada de decisão”, completa.

General Veiga destaca o treinamento como uma atividade constante de preparo para a defesa

COP30

Sobre a relação com a COP30, o general ressaltou que as simulações contribuem diretamente para a missão que os militares cumprirão no evento. “Esse treinamento tem como missão principal o nosso constante preparo para a defesa da pátria. Temos aqui equipamentos de comando e controle, módulos logísticos e várias frações que entregaremos na COP30, também sendo simuladas aqui para deixar a tropa preparada”, finaliza.

A preparação envolve diretamente batalhões de cidades vizinhas, como Tucuruí, Altamira, Itaituba e Imperatriz. Outras tropas também vão operar a partir de barracas militarizadas posicionadas em regiões de mata, simulando ambientes operacionais reais.

O treinamento também contou com a participação do general Júlio César Nagy, chefe do Centro de Coordenação de Operações do Comando Militar do Norte (CMN), que reforçou a atuação interagências e o trabalho conjunto das Forças Armadas que será adotado durante o evento internacional realizado na capital.

“O nosso Comando Conjunto Marajoara, que denominou a Operação Marajoara (a segurança e defesa da COP30), trabalhará em ambiente conjunto com as Forças Armadas (Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira), e também em ambiente interagências, com todos os órgãos e instituições que participarão desse grande evento”.

General Nagy: “Todo esse trabalho nos faz atingir nível de adestramento necessário para cumprir esse tipo de missão”

O general Nagy enfatizou que o preparo é resultado de um processo de instrução contínua ao longo do ano. “Todo esse trabalho, que passa por um ano inteiro de instrução, da formação dos nossos militares, do adestramento específico para uma operação em ambiente urbano, que será a segurança e defesa da COP30, nos faz atingir esse nível de adestramento necessário para cumprir esse tipo de missão”, explica.

PRONTIDÃO OPERACIONAL

Além de fortalecer o conhecimento doutrinário, o exercício marca um passo essencial nas atividades de adestramento da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, reforçando suas capacidades operacional e logística e sua prontidão para contribuir com a Defesa e Proteção da Pátria.

As atividades simuladas revelaram tecnologias usadas na Brigada e nos Postos de Comando utilizados em operações de guerra e não guerra. A integração entre as várias seções de segurança e a adaptação das tropas diante de diferentes cenários destacaram também o compromisso e a preocupação com a segurança do evento, que tem projeção internacional. A estimativa é de que cerca de 12 mil militares das Forças Armadas atuem de forma integrada durante o evento da COP30.

Em uma da tenda, militares analisam mapas e posição das tropas

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