Eduardo Bolsonaro critica comitiva de senadores e ameaça viagem aos EUA para negociar tarifas

Entre os senadores dois são do Partido dos Trabalhadores, o que irritou o parlamentar licenciado

Foto Lula Marques/Agencia Brasil

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente vivendo nos Estados Unidos, usou as redes sociais nesta terça-feira (23) para criticar e ameaçar a comitiva de senadores brasileiros que viajará ao país com a missão de tentar reverter ou adiar as novas tarifas de 50% impostas por Washington a produtos de origem brasileira.

Segundo o parlamentar, a viagem “não tem legitimidade” e representa um “gesto de desrespeito” ao ex-presidente Donald Trump, que recentemente divulgou uma carta exigindo mudanças internas no Brasil como condição para uma reaproximação política e econômica com os Estados Unidos.

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Foram designados oito senadores para a missão nos Estados Unidos, com o objetivo de se encontrarem com congressistas norte-americanos e articular a retirada da tarifa. São eles:

  • Senadora Tereza Cristina (PP-MS)
  • Senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)
  • Senador Jaques Wagner (PT-BA)
  • Senador Esperidião Amin (PP-SC)
  • Senador Rogério Carvalho (PT-SE)
  • Senador Fernando Farias (MDB-AL)
  • Senador Carlos Viana (Podemos-MG)

“Sem liberdade de expressão, não há diálogo legítimo”, diz deputado

Eduardo Bolsonaro, que é filho do ex-presidente Jair Bolsonaro e um dos principais interlocutores da direita americana, afirmou que o governo brasileiro deveria primeiro atender aos “sinais claros” enviados por Trump em sua correspondência recente ao Palácio do Planalto. Ele prosseguiu, criticando a presença de parlamentares ligados ao governo Lula.

Missão parlamentar tenta conter impacto econômico das tarifas

A missão de senadores ao governo norte-americano foi articulada após o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo carne bovina, aço, etanol e minério de ferro. A medida, anunciada sob influência direta de setores ligados ao trumpismo e ao lobby protecionista nos EUA, gerou forte reação no meio empresarial brasileiro e em diversas entidades do setor produtivo.

A comitiva é composta por membros de diferentes partidos, inclusive independentes e da oposição, e pretende apresentar argumentos técnicos, jurídicos e comerciais ao Congresso e à Casa Branca para frear os impactos da decisão.

Críticas acentuam clima de tensão diplomática

As declarações de Eduardo Bolsonaro adicionam mais tensão ao já sensível cenário diplomático entre Brasília e Washington. A carta de Donald Trump, enviada após a retomada de sua campanha à presidência norte-americana, estabeleceu exigências consideradas inaceitáveis por diplomatas brasileiros, como a revogação de leis que punem a desinformação e a anulação de decisões judiciais contra aliados de Bolsonaro.

O Itamaraty não comentou oficialmente as falas do deputado, mas fontes da diplomacia classificaram as declarações como “antirrepublicanas” e “prejudiciais à imagem do Brasil no exterior”.

A missão dos senadores está prevista para os próximos dias e deve incluir reuniões com parlamentares democratas e republicanos, além de encontros com setores econômicos dos EUA interessados na manutenção do comércio bilateral.