Incapacidade do governo Lula

Oito dias separam o prazo para entrar em vigor o tarifaço sobre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, imposto unilateralmente pelo governo de Donald Trump em 9 de julho, e rigorosamente, a bem da verdade, nenhum avanço do governo Lula no assunto. Nada, absolutamente nada que ao menos sinalize algum traço de negociação com o governo norte-americano. É a crônica incapacidade do governo petista sob comando de Lula de tirar o país dessa enrascada.

“Embromation”
“Embromation” é uma gíria brasileira que se refere à ação de enrolar, enganar ou falar algo sem muito conhecimento ou sentido, geralmente em inglês. É uma mistura das palavras “enrolação” ou “embromação” com o sufixo “-ation”, comum em palavras em inglês, criando um termo informal para descrever a situação que representa o que está acontecendo sob a liderança do vice-presidente Geraldo Alckmin, encarregado por Lula, para descascar o abacaxi do tarifaço.

Terceiro escalão
Informações vazadas em conversas entre empresários graúdos que participaram das intermináveis e improdutivas reuniões sob a coordenação de Alckmin, atestam que o máximo que o governo Lula 3 conseguiu até agora foi uma troca de mensagens com o 3º escalão diplomático dos Estados Unidos em Washington (D.C.). Resultado: os empresários estão desesperados com o que pode acontecer a partir de agosto. Se Lula retaliar, o que está muito, muito ruim, pode escalar e ficar insustentável.

Situação inédita em 200 anos
Segundo maior parceiro comercial do Brasil, os Estados Unidos, ao contrário da China, que só importa commodities do Brasil, os norte-americanos compram dos brasileiros, além de suco de laranja, petróleo cru, café, carne e minérios brutos; aviões, chapas de aço semielaborados, máquinas, motores elétricos e uma lista importante de produtos com considerável valor agregado. São 200 anos de negócios e muitas parcerias.

Risco de rompimento no radar
De longe, os Estados Unidos lidera a lista de investimentos no Brasil. Já há quem diga que a coisa toda pode levar a um rompimento das relações diplomáticas Brasil-Estados Unidos. Se isso ocorrer, o caos causado pela pandemia do novo coronavírus será, comparativamente, será como o recreio no Jardim da Infância, e Deus tenha piedade dos brasileiros.
Se Lula apostar na escalada, uma coisa é certa: será humilhado na abertura das urnas em 2026, se realmente insistir, como disse que fará, em sair candidato a aventura de quarto mandato.

PL mobiliza campo e caminhoneiros para tomar as ruas
Isolado politicamente, embora negue, o Partido Liberal, de Jair Bolsonaro, avalia converter, pelo menos duas categorias a “tomar as ruas”: setores do campo e dos caminhoneiros. O plano, na visão de vozes menos radiciais do PL, pode resultar num “tiro no pé”. Mais um, diga-se.

Apoio emergencial
O paradoxo ambulante em que transformou a temporada Lula 3 expõe um governo baratinado, sem projetos e incapaz até de dialogar com um parceiro de mais de 200 anos, como é o caso dos Estados Unidos.
Nas cordas, com a ameaça do tarifaço cada vez mais real de ser materializada, o governo entrega o jogo do que ocorre no mundo real, porém sem admitir que o Plano A já está fazendo água. Anunciou, na base do improviso, que o Ministério da Fazenda poderá recorrer ao Tesouro Nacional para um tal de apoio emergencial para dar para as empresas de setores afetados pelo tarifaço. Isso no imaginário, porque os bilhões necessários para tal aventura só se materializa se o governo imprimir na Casa da Moeda o dinheiro que não existe.

Um Congresso inesquecível
Pesquisa Quaest revela que a maioria dos brasileiros desaprova o trabalho que o Congresso vem fazendo. Um dado ainda inédito da pesquisa Genial/Quaest, feita com 2.004 entrevistados entre os dias 10 e 14 de julho em todo o país de forma presencial, confirma o baixo prestígio do Congresso.

Pergunta não é ofensa
A Quaest perguntou: “Você aprova ou desaprova o trabalho que o Congresso Nacional vem fazendo?”
A maioria (51%) respondeu que desaprova, mas 42% tem uma visão positiva do Legislativo (7% não responderam ou não souberam responder).
A desaprovação é maior entre os homens (55%), os que têm cursos superior completo (59%), e aqueles com renda familiar superior a 5 salários mínimos (60%). A propósito, entre os que têm renda familiar até dois salários mínimos, a aprovação (47%) supera numericamente a desaprovação (44%).

“Embromation 2”
Desde o dia 15 de julho, a pasta da Comunicação anunciou que os ministérios dos Transportes e do Meio Ambiente e Mudança do Clima do governo Lula (PT) chegaram a um acordo inédito para elaborar um plano socioambiental que viabilize a pavimentação da BR-319. A rodovia, que liga Porto Velho e Manaus, é um dos projetos mais controversos de infraestrutura do país quando o assunto é licenciamento ambiental. Quem acredita que isso avance um centímetro levante a mão.

Val-André Mutran é repórter especial para o Portal Ver-o-Fato e está sediado em Brasília.

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