Políticas de segurança no Marajó ameaçam territórios e floresta

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A segurança em comunidades e territórios tradicionais do Marajó permanece como um desafio crítico para organizações locais. Essas populações desenvolvem historicamente estratégias próprias de proteção, garantindo a manutenção de seus modos de vida, a preservação cultural e a conservação ambiental. No entanto, enfrentam violações sistemáticas de direitos, com a ausência de políticas públicas que garantam sua autonomia territorial – situação que aprofunda vulnerabilidades sociais e as expõe à criminalização por parte das forças de segurança.

Essa realidade é o foco do artigo “Segurança Punitivista Pune a Vida e o Território”, produzido por lideranças locais e publicado no relatório “Além da Floresta: conflitos socioambientais e deserto de informações” da Rede de Observatórios de Segurança. O documento analisa o modelo de segurança implementado pelo Estado na região, apontando sua ineficiência no combate à criminalidade e seu papel no reforço de estereótipos que estigmatizam as comunidades tradicionais.

Segurança para quem?

A publicação levanta questionamentos críticos sobre quem realmente protegem as atuais políticas de segurança no Marajó. Dados do relatório mostram que o modelo punitivista, longe de resolver problemas, tem ampliado desigualdades e violado direitos fundamentais. Especialistas destacam a urgência de construir alternativas que considerem as necessidades reais das populações locais, em vez de impor modelos que as criminalizam.

A situação se agrava com o avanço de grandes projetos na Amazônia, como exploração de petróleo e abertura de rodovias, que intensificam conflitos e ameaçam modos de vida tradicionais. Na ausência de políticas públicas efetivas, prevalece um cenário de exploração econômica e abandono institucional.

Repensar a segurança na Amazônia

O artigo defende uma transformação radical no conceito de segurança pública para a região. Em vez da atual abordagem repressiva, especialistas propõem um modelo baseado em três eixos:

  1. Substituição da lógica punitiva por políticas de cuidado

  2. Troca da opressão institucional por diálogo genuíno

  3. Superação da criminalização pelo reconhecimento de direitos

“Os territórios marajoaras não precisam de mais repressão, mas de respeito, justiça e investimentos”, afirma o estudo. A análise conclui que a verdadeira segurança só será alcançada quando construída em colaboração com os povos da floresta – nunca contra eles.

O relatório completo está disponível no site da Rede de Observatórios de Segurança ou abaixo, oferecendo dados detalhados sobre conflitos socioambientais em diversas regiões do Brasil, com ênfase nos desafios enfrentados por populações tradicionais.

Faça o download do relatório: Além da Floresta: conflitos socioambientais e deserto de informações https://drive.google.com/file/d/1tf4bBfUors14VgDVAIDF3FCaCceBK3L2/view

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