Imagens de bodycam mostram momento em que policial civil é baleado por engano durante ação conjunta na zona sul da capital paulista
A câmera corporal do sargento Marcus Augusto Mendes, da Ronda Ostensiva Tobias Aguiar (Rota), registrou o momento em que ele atira contra o policial civil Rafael Moura durante uma operação no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, no dia 11 de julho. O agente da Polícia Civil foi atingido no peito, ficou internado em estado grave e morreu cinco dias depois, no Hospital das Clínicas.
Últimas palavras e tensão no local
Nas imagens, Moura cai ao chão após o disparo e, antes de perder a consciência, diz com dificuldade: “Sou polícia, caralho”. Outros policiais civis aparecem em desespero, gritando por socorro e questionando a atitude do PM. Um deles chora e afirma: “Pegou no peito, cara”.
O sargento Marcus, visivelmente abalado, se afasta da cena e pede apoio ao parceiro. Um policial civil chega a apontar a arma em sua direção, mas é contido por colegas, que repetem: “Calma, calma”.
Investigação aponta erro operacional
A troca de tiros aconteceu durante uma operação da Polícia Civil para apurar um latrocínio na região do Campo Limpo. Moura, que era agente de telecomunicações do 3º Cerco, não usava colete à prova de balas nem identificação visível da corporação. Segundo fontes ligadas ao caso, ele sequer deveria participar da ação por não ser investigador.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP) informou que a presença do agente estava autorizada por uma portaria interna da Delegacia Geral de Polícia. A pasta, no entanto, não explicou por que ele estava sem colete ou identificação.
Defesa dos PMs: “Ameaça à vida e falta de identificação”
As defesas do sargento Marcus e do cabo Robson Santos Barreto, também envolvido na ocorrência, afirmaram que a decisão de atirar foi legítima. Segundo os advogados, Rafael Moura parecia armado, não se identificou como policial e não usava insígnias da corporação. “A tomada de decisão visou preservar a vida dos policiais diante de uma ameaça percebida”, diz a nota.
A defesa também destacou que os PMs prestaram os primeiros socorros utilizando técnicas de Atendimento Pré-Hospitalar (APH) e que não foram presos em flagrante.
Ministério Público vê padrão letal e pede afastamento
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) e a Polícia Civil apontaram que a mesma dupla da Rota já havia se envolvido em outra ocorrência com morte, um mês antes, a apenas 500 metros do local onde Moura foi baleado.
Em representação apresentada à Justiça, o MPSP criticou o que chamou de “modus operandi” dos PMs: “atira primeiro, pergunta depois”. A promotoria destacou a ausência de verbalização prévia e uso de técnicas menos letais, exigidas pelo princípio da “necessidade estrita”.
Com base na análise da bodycam e no histórico da dupla, o MPSP solicitou o afastamento cautelar dos policiais militares. A Justiça aceitou o pedido e afastou o sargento Marcus por 90 dias. Ele também será submetido a acompanhamento psicológico.
O caso e a repercussão
A morte de Rafael Moura gerou forte comoção na Polícia Civil. O agente foi velado na Academia da Polícia Civil, na zona oeste da capital, e sepultado em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.
Com o avanço das investigações, tanto Marcus quanto Robson podem ser expulsos da Polícia Militar e responder por homicídio qualificado. A Corregedoria da PM e o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) acompanham o caso.
Com informações de Metrópoles
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