Inteligência brasileira suspeita de articulação entre extremismo nacional e governo Trump; “tarifaço” seria parte de plano para desestabilizar Lula
Foto Paulo Pinto/Agencia Brasil
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitora com preocupação os desdobramentos de recentes movimentações políticas e econômicas ligadas ao bolsonarismo, diante de indícios de que as ações não seriam apenas iniciativas isoladas de grupos extremistas nacionais, mas parte de um plano articulado com apoio direto dos Estados Unidos. A informação é do jornalista Jamil Chade, publicada pelo portal Vero Notícias.
Clique aqui para fazer parte da comunidade do Jornal Local de Campinas no WhatsApp e receber notícias em primeira mão.
Segundo fontes da inteligência brasileira ouvidas pelo jornalista, cresce dentro da Abin a convicção de que há envolvimento da CIA e aval da Casa Branca, sob comando do presidente Donald Trump, no que seria uma operação coordenada para desestabilizar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O indício mais visível dessa suposta ofensiva seria o “tarifaço” imposto por Trump a produtos brasileiros, especialmente do setor do agronegócio e da indústria de base. A medida foi acompanhada por uma retórica agressiva contra o governo Lula, além do esvaziamento dos canais diplomáticos entre os dois países – atitudes que, para analistas, excedem o campo comercial e indicam uma motivação política mais profunda.
Operação subterrânea e papel da extrema direita
De acordo com a reportagem, analistas da Abin acreditam que o fechamento econômico e diplomático é apenas a “fachada pública” de uma operação mais ampla, conduzida por setores do serviço secreto norte-americano com apoio logístico de personagens-chave do bolsonarismo. A cooperação incluiria compartilhamento de informações, apoio digital e estratégias de mobilização social, segundo as fontes.
A preocupação do governo Lula é que essa possível aliança internacional esteja incentivando ações coordenadas de desinformação, sabotagem institucional e tentativas de enfraquecer a democracia brasileira, com base em modelos semelhantes ao que ocorreu nos Estados Unidos durante e após as eleições de 2020.
Ainda segundo Chade, investigações sigilosas estão em andamento e interlocutores próximos ao Planalto têm mantido contato com aliados estratégicos no exterior para evitar um isolamento diplomático e alertar sobre os riscos de ingerência internacional na soberania brasileira.
Escalada de tensão e riscos geopolíticos
O suposto envolvimento da CIA em atividades de influência no Brasil, caso confirmado, marcaria um ponto crítico nas relações bilaterais. Embora os Estados Unidos historicamente tenham interferido em processos políticos na América Latina, a confirmação de apoio direto a movimentos extremistas internos seria interpretada como ato hostil e grave violação da autodeterminação nacional.
O governo brasileiro, por ora, não se pronunciou oficialmente sobre as revelações, mas a movimentação da Abin e de diplomatas experientes indica que o Planalto não descarta medidas políticas ou jurídicas internacionais caso os indícios se confirmem.