Brasil bate recorde de estupros em 2024: uma vítima a cada 6 minutos

O Brasil registrou 87.545 vítimas de estupro em 2024, o maior número já contabilizado na série histórica iniciada em 2011. O dado consta no 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta 5ª feira (24.jul.2025). A média é de uma vítima a cada 6 minutos.

O total representa um aumento de 6,7% em relação a 2023, quando foram registrados 82.040 casos. Do total de ocorrências, 76,8% foram classificados como estupro de vulnerável —praticados contra menores de 14 anos ou pessoas incapazes de consentir. Leia a íntegra do anuário (PDF – 16 MB).

A taxa nacional foi de 41,2 estupros por 100 mil habitantes.

Perfil das vítimas

O levantamento mostra que 88,9% das vítimas são mulheres. Entre os casos de estupro de vulnerável, 61,4% das vítimas tinham até 13 anos. O índice reflete a prevalência da violência sexual contra crianças e adolescentes.

Do total de registros, 65,7% ocorreram dentro de casa, e 45,5% dos agressores eram familiares diretos da vítima. Outros 20,3% eram parceiros ou ex-parceiros íntimos.

A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, afirma que os números “representam uma epidemia silenciosa que se repete diariamente, especialmente contra crianças, muitas vezes dentro da própria casa”.

Cidades com maiores taxas

O relatório também apresenta os municípios com maiores taxas de estupro e estupro de vulnerável por 100 mil habitantes:

  1. Boa Vista (RR) – 132,7

  2. Sorriso (MT) – 131,9

  3. Ariquemes (RO) – 122,5

  4. Vilhena (RO) – 108,7

  5. Porto Velho (RO) – 108,6

As regiões Norte e Centro-Oeste concentram as cidades com os índices mais elevados.

Impunidade e subnotificação

Apesar do aumento dos registros, o Fórum estima que apenas 7,5% dos estupros são notificados às autoridades. Com base nessa projeção, o número real de crimes pode superar 1 milhão por ano — uma média de dois por minuto.

A impunidade se agrava com a baixa produção de provas: em 2024, foram realizadas 67.157 perícias sexológicas, mas apenas 9,8% resultaram em laudos positivos.

“A dificuldade de coleta de provas e o estigma da denúncia contribuem para a perpetuação dos abusos e da cultura do silêncio”, diz o relatório.