O Brasil registrou 44.127 mortes violentas intencionais em 2024, o menor número desde o início da série histórica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2011. Os dados constam no 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado nesta 5ª feira (25.jul.2025), e indicam uma taxa de 20,8 mortes por 100 mil habitantes, redução de 5,4% em relação a 2023.
As MVIs (mortes violentas intencionais) incluem homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenção policial. Leia a íntegra do anuário (PDF – 16 MB).
Apesar da queda, o anuário alerta para a manutenção de patamares elevados na letalidade policial. Em 2024, 3,7% das mortes violentas foram provocadas por ações de agentes de segurança pública —o que corresponde a 1.629 mortes causadas por policiais civis ou militares.
Violência policial concentrada
Em 14 municípios brasileiros, mais da metade das mortes violentas foi provocada por policiais. Esses locais são marcados por vulnerabilidade social, ausência do Estado e predominância de ações de confronto armado, segundo o relatório.
Os dados também mostram que, embora as ações policiais letais estejam concentradas em determinados territórios, a letalidade permanece como uma das principais formas de atuação do Estado em áreas periféricas.
Perfil das vítimas
O levantamento aponta que:
- 91,1% das vítimas eram homens;
- 79% eram negros;
- 48,5% tinham até 29 anos;
- 73,8% foram mortas com arma de fogo;
- 57,6% foram assassinadas em via pública.
O relatório destaca o impacto da violência sobre jovens negros e a persistência de “padrões seletivos de atuação policial”, o que contribui para “a desigualdade racial na segurança pública”.
Cidades mais violentas
A região Nordeste concentra os 10 municípios mais violentos do país. As maiores taxas de mortes violentas foram registradas em:
- Maranguape (CE) – 79,9 por 100 mil;
- Jequié (BA) – 77,6;
- Juazeiro (BA) – 76,2;
- Camaçari (BA) – 74,8;
- Cabo de Santo Agostinho (PE) – 73,3;
- São Lourenço da Mata (PE) – 73,0;
- Simões Filho (BA) – 71,4;
- Caucaia (CE) – 68,7;
- Maracanaú (CE) – 68,5;
- Feira de Santana (BA) – 65,2.
Já as menores taxas estaduais foram observadas em São Paulo (8,2), Santa Catarina (8,5) e Distrito Federal (8,9). Os Estados com piores índices foram Amapá (45,1), Bahia (40,6) e Ceará (37,5).
Policiais mortos e suicídio
Em 2024, 126 policiais cometeram suicídio, número superior aos que morreram na folga (124) e em serviço (46). O dado revela um padrão contínuo de sofrimento psíquico entre profissionais da segurança pública e reforça a necessidade de políticas de cuidado com a saúde mental nas corporações.