“Quem aumentou imposto foi Bolsonaro”, diz Haddad a Ciro Nogueira

Em resposta ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta 5ª feira (24.jul.2025) que “quem aumentou imposto” foi o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Haddad disse que não houve correção da tabela do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física), o que fez com que brasileiros pagassem mais impostos.

O ministro da Fazenda declarou que “não adianta” aprovar uma lei que impeça o governo de fazer “justiça tributária”, porque a Constituição Federal assegura as medidas do governo. “É clausula pétrea”, afirmou em entrevista à Rádio Itatiaia.

Ao tratar do aumento das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), Ciro Nogueira, presidente nacional da PP, disse na 4ª feira (23.jul), em entrevista à Itatiaia, que o Congresso Nacional vai discutir medidas para barrar aumentos e reduzir impostos.

Haddad rebateu a afirmação. “Com todo respeito ao senador, eu digo o seguinte: quem aumentou imposto, quando ele era da Casa Civil, foi o governo Bolsonaro. Senador, com todo respeito, vocês não reajustaram o salário mínimo acima da inflação nenhum ano, com inflação de alimentos a 2 dígitos, vocês não atualizaram a tabela do Imposto de Renda”, declarou Haddad.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentou de R$ 1.903 em 2022 para R$ 3.036 em 2025 a faixa de isenção da tabela do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física). O piso para o brasileiro pagar imposto não era alterado desde 2015.

“Quando você não atualiza a tabela do Imposto de Renda, o que acontece: quando você tem um reajuste de salário pela inflação, você começa a pagar imposto que você não pagava”, disse Haddad. “Quando não corrige a tabela do Imposto de Renda, você está aumentando imposto sem avisar, sem fazer nada, por omissão”, afirmou.

Haddad disse ainda que “quem gosta de botar imposto em cima do povo” é Bolsonaro. O ministro disse que o governo Lula enviou e a Comissão Especial da Câmara aprovou o texto do que aumenta a faixa de isenção do IRPF para até R$ 5.000 por mês.

Ele declarou que houve “mérito” do relator, o deputado Arthur Lira (PP-AL), para aumentar a renúncia fiscal para quem ganha até R$ 7.300. A proposta inicial dava o desconto para os brasileiros que recebiam até R$ 7.000 por mês.

O especialista em lascar o povo é o Bolsonaro. O especialista em ajudar o povo é o presidente Lula, com os programas sociais que criou, com os programas de proteção que criou e com a justiça tributária”, declarou Haddad.

ARRECADAÇÃO COM IMPOSTOS

Haddad declarou que continuará a defender cobrar impostos “de quem não paga”. Citou as casas de apostas, que pagaram R$ 3,8 bilhões no 1º semestre à União, bilionários e bancos.

As fintechs criticam o ministro da Fazenda. Afirmam que a carga tributária dos bancões foi mantida, enquanto as empresas de tecnologia do setor financeiro serão mais oneradas.

O IOF rendeu R$ 8,02 bilhões ao governo Lula em junho. O valor representa uma alta real –corrigida a inflação– de 38,8% em relação ao mesmo mês de 2024. No 1º semestre, a arrecadação foi de R$ 36,87 bilhões, um crescimento de 8,8% ante o mesmo período do ano passado. O valor foi recorde na série histórica.

O mês de junho foi marcado por idas e vindas no aumento do tributo. Depois de o governo anunciar o aumento do tributo, voltar atrás em parte do decreto e o Congresso derrubar a cobrança adicional, o caso do IOF parou no STF (Supremo Tribunal Federal).

Leia uma cronologia com os principais acontecimentos sobre o impasse do IOF:

  • mai – durante a tarde, equipe econômica aumenta IOF via decreto para fortalecer a arrecadação. Impacto estimado é de R$ 20,1 bilhões em 2025;
  • mai – perto da madrugada, Fazenda revê parte do decreto. Arrecadação no ano desce para R$ 19,1 bilhões;
  • mai – depois de reunião, Alcolumbre e Motta dão 10 dias para Haddad apresentar alternativas ao decreto do IOF;
  • jun – é feita uma nova reunião. Haddad anuncia que vai reduzir a alta do IOF e enviar medida provisória com aumento de outros impostos para compensar. O impacto do decreto para 2025 caiu para próximo de R$ 7 bilhões;
  • jun – Haddad lança medida provisória com aumento de outros impostos e com mudanças em compensação tributária. Fazenda espera fortalecer arrecadação em aproximadamente R$ 10 bilhões em 2025;
  • jun – Câmara aprova urgência para votação do projeto para derrubar a alta do IOF;
  • jun – de surpresa, Motta anuncia votação do projeto às 23h35 em uma rede social;
  • jun – Câmara aprova queda do decreto por 383 votos a favor e 98 contra;
  • jun – Senado derruba em votação simbólica (sem contagem de votos);
  • 1º.jul – governo aciona oficialmente o STF (Supremo Tribunal Federal) para reverter a decisão do Congresso;
  • jul – o ministro Alexandre de Moraes, do STF, convocou para 15 de julho uma audiência sobre o impasse do IOF;
  • jul – Moraes manteve o decreto do governo Lula que aumenta o IOF, mas vetou a cobrança do risco sacado;
  • jul – Moraes define que não haverá cobrança das alíquotas aumentadas do IOF no período de 26 de junho a 16 de julho.