“Estresse geopolítico” eleva papel privado na COP30, diz Helder

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirmou nesta 6ª feira (25.jul.2025) que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris e a atitude de confronto às questões climáticas do presidente norte-americano, Donald Trump (Partido Republicano), “gerou estresse geopolítico” que eleva o papel do setor privado na COP30, conferência das Nações Unidas sobre mudança do clima que será realizada de 10 a 21 de novembro em Belém.

“Se a geopolítica gera estresse –estamos vivendo isso no momento mais agudo–, [ganham importância] as ambições da iniciativa privada por buscar neutralizar emissões, por buscar alternativas de matrizes energéticas, buscar reduzir os impactos climáticos e entregar a conciliação da atividade econômica com responsabilidade ambiental, com a agenda da sustentabilidade. [Isso] posiciona a iniciativa privada no centro dessas discussões”, disse.

As declarações foram dadas na Expert XP, feira de investimentos realizada no Expo Center, zona sul de São Paulo. Momentos antes, o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore (Partido Democrata) havia criticado no evento a política energética de Trump, que privilegia combustíveis fósseis. A feira da corretora de investimentos reúne representantes do mercado financeiro e autoridades públicas em painéis que vão até sábado (26.jul).

Assista ao vídeo (48s):

Papel privado

Uma questão que se transformou em um gargalo da COP30 em Belém envolve justamente a iniciativa privada e o livre mercado: a escassez de hospedagem, assim como o alto valor dos preços praticados na capital paraense.

O governo federal precisou providenciar 2 navios de cruzeiro para abrigar os participantes. O Ministério da Justiça abriu procedimentos para investigar práticas de preços abusivos. O Ministério Público precisou apresentar um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) para equalizar a situação.

Das 50.554 hospedagens planejadas pelo Pará para a COP30, 14.091 serão em hotéis tradicionais. O total equivale a 28% do total de leitos idealizados pelo governo estadual. As alternativas para acomodar as 50.000 pessoas esperadas em Belém vão de escolas, igrejas, Airbnbs, motéis e uma vila modular para cerca de 400 pessoas.

“Temos de fato uma relação privada em que os operadores da rede hoteleira de Belém e cidadãos que habilitaram seus imóveis nas plataformas de aluguéis, têm o direito de precificar esse valor. O que nós temos buscado soluções para ampliar a oferta para que com a ampliação da oferta nos possamos ter a redução dos preços”, disse Barbalho, ao ser questionado pelo Poder360 sobre o tema.

Papel público

O governador do Pará defendeu nesta 6ª feira (25.jul) que a COP30 será uma cúpula de “realizações”. Questionado por este jornal digital sobre as contradições ambientais do Brasil, que abriga o evento climático ao mesmo tempo em que caminha para explorar petróleo na Margem Equatorial, região costeira do Norte ao Nordeste do país, que engloba a foz do rio Amazonas e é ambientalmente sensível, ele respondeu:

“O Brasil deve validar sempre a estratégia de pesquisa. E o Brasil deve aproveitar de seu ativo econômico e biológico para financiar a transição energética e estabelecer claramente qual o planejamento para o que o país possa ser autossustentável e outras energias ao momento em que possa abrir mão de seus combustíveis fósseis”.