Sanções americanas: Eduardo Bolsonaro adverte Alcolumbre e Motta

Segundo o deputado, os presidentes da Câmara e do Senado podem ser alvo de sanções individuais do governo Trump

Brasília – Em uma recente entrevista ao programa “Oeste com Elas” nesta sexta-feira (25), transmitido pelo YouTube, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) lançou uma série de declarações que revelam que podem tumultuar ainda mais o já ouriçado cenário político brasileiro, com implicações tanto no âmbito doméstico quanto internacional. As falas do parlamentar destacaram potenciais sanções americanas a figuras políticas brasileiras, citando nominalmente o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB), presidentes do Senado e da Câmara respectivamente. Ele desferiu críticas contundentes a aliados dentro do próprio campo bolsonarista.

A principal revelação do deputado girou em torno de uma possível mira do governo norte-americano sobre os dois líderes do Congresso, que podem se tornar “alvos de suspensões de vistos e sanções do governo americano”. Segundo o deputado, Alcolumbre, embora ainda não esteja nesse estágio, “certamente está no foco do governo americano” e tem a chance de não ser sancionado se “não der respaldo ao regime”. Para Hugo Motta, a questão estaria ligada à “novidade da lei da anistia” na Câmara dos Deputados. O deputado foi enfático ao condicionar o impedimento dessas sanções à aprovação de medidas inegociáveis: “Se o Brasil não conseguir pautar a anistia e o impeachment do Alexandre de Moraes, a coisa ficará ruim”, advertiu.

Ainda sobre o tema das sanções, Eduardo Bolsonaro mencionou a aplicação das sanções da Lei Magnitsky [dos Estados Unidos], indicando que haveria uma expectativa de que fossem implementadas “ainda hoje”. Ele também sugeriu que tais medidas poderiam ser apenas o começo, com um “arsenal” maior à disposição do presidente americano Donald Trump. “O Trump tem um arsenal na mesa dele, e, pode ter certeza, ele não utilizou esse arsenal todo. Caso venha, talvez até hoje, quem sabe, Deus queira, a Lei Magnitsky contra o Alexandre de Moraes, esse vai ser só mais um capítulo dessa novela. Não será o último”, acrescentou o deputado, sinalizando uma crença em uma escalada de ações por parte dos Estados Unidos.

No plano doméstico, as críticas de Eduardo Bolsonaro se estenderam a figuras importantes, revelando fissuras dentro do próprio movimento político. O deputado expressou desapontamento com a atuação de Nikolas Ferreira (PL-MG), que tem sido alvo de críticas de apoiadores por sua percepção de baixo engajamento na campanha contra o ministro Alexandre de Moraes organizada nos EUA. Embora reconheça Ferreira como “a voz mais escutada” nas redes sociais em termos de seguidores, Eduardo esperava mais: “Na nossa percepção, é difícil que ele não tenha a real dimensão do que está sendo tratado aqui nos EUA e que isso é vital para conseguirmos resgatar a democracia brasileira. Então, causa certa estranheza que ele tem sido pouco ativo em levar essa mensagem adiante”. Ele ressalvou que não considera Nikolas “mal-intencionado”, mas que esperava “mais respaldo”.

As críticas não se limitaram a parlamentares. Governadores também foram alvo das falas de Eduardo Bolsonaro. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi repreendido por manter o deputado estadual Guto Zacarias (União-SP), membro do MBL – um grupo que “defende a minha prisão, a prisão de meu pai, a prisão de jornalistas exilados” – como um de seus vice-líderes na Assembleia Legislativa. Essa “alfinetada” veio após um período de trégua entre os dois, gerado por atritos sobre o “tarifaço”. De maneira similar, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo-MG), foi criticado por Eduardo Bolsonaro, que o acusou de pertencer a uma “turminha da elite financeira” após Zema afirmar que o deputado havia “criado um problema” para a direita.

Por fim, o deputado federal manifestou forte desaprovação a uma comitiva de senadores que viajou hoje aos EUA para buscar soluções para o “tarifaço”. A delegação incluía ex-ministros da gestão Bolsonaro, como Tereza Cristina (PP-MS) e Marcos Pontes (PL-SP), além do líder do governo Lula no Senado, Jacques Wagner (PT-BA). Em nota nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro classificou a iniciativa como um “desrespeito” a Trump e a considerou “fadada ao fracasso”, reforçando a complexa teia de alinhamentos e desavenças que o deputado expõe em suas declarações.

As falas de Eduardo Bolsonaro, portanto, pintam um quadro de intensa articulação política e de uma tentativa de redefinição de lealdades e prioridades dentro de um espectro político amplo, com o deputado atuando como um catalisador de pressão e um revelador das tensões internas e externas que permeiam o cenário atual.

Reportagem: Val-André Mutran é repórter especial para o Portal Ver-o-Fato e está sediado em Brasília.

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