O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que a “saúde está acostumada com roubos do Trump”, criticando medidas do presidente dos EUA como cortes em recursos para pesquisa. Ele deu a declaração nesta 6ª feira (25.jul.2025) durante o evento “Saúde Estratégica Brasil – Américas”, realizado em São Paulo, onde anunciou um pacote de investimentos para inovação no Sistema Único de Saúde.
“O setor da saúde está acostumado a roubos aí do Trump, porque já cortou recursos de investimento em pesquisa, brigou com Harvard, brigou com Columbia, tá certo? Brigou com a elite da formação intelectual dos Estados Unidos. Chegou a cancelar um contrato, rasgar um contrato que tinha com a empresa produtora de vacina de RNA mensageiro, né? Faz perseguição”, declarou Padilha.
Durante o evento, Padilha anunciou o credenciamento do 1º Centro de Competência em RNA do país, com ênfase em RNA mensageiro. O centro pretende impulsionar pesquisas em um campo considerado estratégico para o desenvolvimento de novos medicamentos e vacinas.
O centro receberá investimento inicial de R$ 60 milhões e será executado pela Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial). A iniciativa faz parte de um pacote de R$ 450 milhões destinados a fortalecer a inovação em saúde no Brasil. O objetivo é acelerar a produção nacional de vacinas e terapias inovadoras, em parceria com universidades, empresas e startups.
Outras ações incluem:
- R$ 30 milhões para a criação de 6 novas Unidades Embrapii em áreas como biofármacos, dispositivos médicos e saúde digital;
- R$ 60 milhões para projetos voltados a doenças negligenciadas e insumos estratégicos;
- R$ 300 milhões (via MCTI/Finep) para empresas que desenvolvam Insumos Farmacêuticos Ativos, terapias avançadas e dispositivos médicos.
Também foi lançada uma consulta pública sobre debêntures incentivadas na saúde, aberta até 10 de agosto. A proposta visa atrair capital privado para obras e infraestrutura do SUS, com incentivos fiscais a investidores.
Além disso, Padilha destacou ações de cooperação com a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) para que o Brasil lidere a produção regional de vacinas e insumos por meio dos Fundos Rotatórios Regionais da Opas.
Sobre a atuação internacional do Brasil, Padilha disse que o país assumiu papéis de destaque em fóruns globais.
“Assumimos na assembleia da OMS (Organização Mundial da Saúde) a presidência por 2 anos e a secretaria-executiva eterna da coalização do G20 para a produção local de tecnologia de saúde, medicamentos e insumos, com a participação de quase todas as nações do G20. Infelizmente o único que não aceita, que não assinou a adesão à coalização é os Estados Unidos”, afirmou Padilha.
O ministro lembrou que um dia antes da abertura da assembleia da OMS, o presidente Donald Trump (Partido Republicano) reclamou do preço dos medicamentos nos EUA, sugerindo que os preços deveriam aumentar em outros países para que pudessem diminuir em território americano, mas que nenhuma medida concreta foi tomada nesse sentido.
“Tem que ter muita tranquilidade sempre, não ficar o tempo todo ocupando a nossa vida em cima de qualquer anúncio irracional porque já se provou que não necessariamente os anúncios viram questões concretas. Não estou falando que tem que negligenciar isso”, disse.