Venezuelano pede US$ 1,3 milhão ao governo Trump por deportação

Neiyerver Adrián Leon Rengel, venezuelano de 27 anos, deu entrada, na 5ª feira (24.jul.2025), com um processo contra o DHS (Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos) por sua detenção e deportação para El Salvador.

O migrante, que trabalhou como barbeiro no Texas, busca indenização de US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 7,2 milhões) depois de ter passado 4 meses no Cecot (Centro de Confinamento de Terrorismo), onde alega ter sofrido maus tratos.

A queixa administrativa apresentada por Rengel é o 1º passo legal necessário antes de se entrar com ação na Justiça federal norte-americana. De acordo com o jornal The New York Times, os advogados do homem afirmam que esta é a 1ª queixa registrada entre os 252 venezuelanos enviados a El Salvador em março.

Agentes federais prenderam Rengel em 13 de março, dia de seu aniversário, no estacionamento de seu complexo residencial onde vivia, em Irving. Os agentes solicitaram que mostrasse suas tatuagens, alegando que indicavam ligação com a gangue Tren de Aragua, o que ele nega.

A família de Rengel não conseguiu localizá-lo por mais de 1 mês depois da sua deportação. David, seu irmão, relatou que o número de identificação de estrangeiro desapareceu do sistema online usado para rastrear detentos de imigração.

As autoridades norte-americanas utilizaram a Lei de Inimigos Estrangeiros, legislação de tempos de guerra raramente aplicada, para justificar a captura e remoção desses homens. A deportação fez parte dos esforços do governo do presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano), para cumprir promessas de deportações em massa.

Uma investigação do New York Times mostrou que, entre os 252 venezuelanos deportados, pelo menos 32 haviam sido condenados ou acusados de crimes graves, mas a maioria não tinha histórico criminal. Os advogados de Rengel afirmam que ele não possui antecedentes nos Estados Unidos, exceto por uma contravenção em novembro de 2024.

Em sua denúncia, Rengel descreveu más condições no Cecot. Ele afirma que ficou com quase 20 outros venezuelanos em uma cela de aproximadamente 3 metros quadrados, limpa apenas uma vez por semana. Os detentos raramente saíam, não tinham acesso a medicamentos e não podiam se exercitar ou falar com parentes ou advogados.

Durante sua permanência no Cecot, Rengel teve contato com pessoas externas apenas uma vez, quando a Cruz Vermelha visitou o local por 30 minutos, em 12 de junho.

Rengel entrou nos EUA em junho de 2023. Sua solicitação de Status de Proteção Temporária ainda estava em análise quando foi detido.

Libertado na semana passada, como parte de uma troca de prisioneiros, Rengel vive agora no Estado venezuelano de Miranda com sua filha Isabela e afirmou que não pretende retornar aos EUA.