Alexandre de Moraes ordena saída de deputados acampados em frente ao STF

Hélio Lopes (PL-RJ) e Coronel Chrisóstomo estavam acampados desde a sexta-feira (25) em frente ao STF. O primeiro, com esparadrapo na boca e camiseta com a bandeira do Estado de Israel, em protesto contra decisões da Corte

Brasília – Os deputados Hélio Lopes (PL-RJ) e Coronel Chrisóstomo (PL-RO), apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deixaram na madrugada deste sábado (26), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o acampamento que haviam iniciado na tarde de sexta-feira (25) na praça dos Três Poderes, em Brasília. Os congressistas, fizeram protesto no local. Lopes, com um esparadrapo tapando a boca, vestindo uma camiseta com a bandeira de Israel, declarou estar em “jejum de palavras”. Ainda na sexta-feira, na conta de Lopes numa rede social, o deputado paraense, Delegado Caveira (PL-PA), prometeu: “Parabéns pela batalha diária! Em breve, estarei ao seu lado nessa mesma trincheira, enfrentando os inimigos da liberdade e defendendo o povo brasileiro.”

Ao perceber que o protesto, iniciado por Hélio Lopes poderia estimular outros congressistas bolsonaristas a engrossarem a manifestação, o que acabou ocorrendo rapidamente, ordenou que a Polícia Federal, intimasse o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), da decisão proferida em 25/7.

Diz o Mandato de Intimação:

O Ministro ALEXANDRE DE MORAES, do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, Relator do processo em epígrafe [Inquérito 4.781 Distrito Federal], DETERMINA que a Polícia Federal faça a  INTIMAÇÃO do Governador do Distrito Federal, da decisão proferida em 25/7/2025, nos seguintes termos:

“Diante de todo o exposto, nos termos do artigo 21 do RiSTF, DEFIRO INTEGRALMENTE os pedidos da Procuradoria Geral da República, no sentido de:

“A) Remoção imediata e proibição de acesso e permanência dos Deputados Federais Hélio Lopes, Sóstenes Cavalcante, Cabo Gilberto Silva, Coronel Chrisóstomo e Rodrigo da Zaeli, assim como de quaisquer outros indivíduos que se encontrem em frente ao Supremo Tribunal Federal participando de possível prática criminosa.

B) Prisão em flagrante com base na prática de resistência ou desobediência ao ato de autoridade pública, a fim de garantir a efetividade das probabilidades e a preservação da ordem pública na hipótese de resistência de indivíduos que, mesmo após intimados, insistirem em permanecer na via pública em manifestação de oposição à ordem.

C) Notificar a Polícia Militar do Distrito Federal e a Polícia Federal para imediato cumprimento da medida, competindo especialmente à Polícia Militar do Distrito Federal a adoção de todas as providências necessárias à efetiva remoção dos referidos indivíduos do local”.

A REMOÇÃO DEVER SER REALIZADA IMEDIATAMENTE.

DETERMINO, ainda, que o Governador do Distrito Federal seja pessoalmente intimado com a DETERMINAÇÃO DE NÃO PERMITIR NENHUM NOVO ACAMPAMENTO NA PRAÇA DOS 3 PODERES APÓS O CUMPRIMENTO DA PRESENTE DECISÃO”.

Brasília, 25 de julho de 2025.
Ministro ALEXANDRE DE MORAES
Relator

A proibição de acampamentos na Praça dos Três Poderes vale para o raio de 1 km, a partir do local.

Reações
A reação nas redes sociais foi imediata, condenando o caráter autoritário e de censura aos atos dos congressistas, em mais uma decisão considerada descabida do ministro Alexandre de Moraes.

O protesto
O deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), montou uma barraca em frente ao Supremo Tribunal Federal na tarde de sexta-feira (25). Com uma fita branca na boca, o parlamentar afirmou que o ato representa um protesto contra decisões recentes do Supremo.

Em carta aberta, Lopes afirmou que “se hoje podem calar um ex-presidente, calar um parlamentar, amanhã poderão calar qualquer cidadão” e que, por isso, escolheu entrar em jejum de palavras em apoio a Bolsonaro.

O deputado federal fluminense cita a Constituição para justificar a mobilização e esclarece estar se manifestando contra uma “suprema humilhação”, ao referir-se às medidas cautelares aplicadas pelo ministro Alexandre de Moraes ao ex-presidente no último mês.

Na tarde desta sexta-feira (25), o também deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) visitou Lopes e informou que também se juntaria ao protesto. “Hélio protesta aqui sem balbúrdia, lendo a Bíblia com a Constituição na mão, e nesse momento, vendo esse movimento dele, quero declarar que eu também me instalarei”, disse.

Chrisóstomo disse que o protesto é pacífico e tem objetivo de “mostrar a insatisfação” a respeito das ações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. “É nosso líder, sem ele a gente fica menor. Não queremos prejudicá-lo, queremos ser livres para poder falar aos brasileiros”.

Hélio, que foi candidato em 2018 como Hélio Bolsonaro, usou ainda uma frase do ativista político Martin Luther King em seu pronunciamento: “Injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo lugar”.

A Polícia Militar do Distrito Federal monitorou a situação até a ordem de Alexandre de Moraes no fim do dia da sexta-feira. Apoiadores do ex-presidente também compareceram ao local e chegaram a realizar um culto religioso no início da noite também na sexta-feira.

O ex-presidente foi informado da manifestação e, na saída da sede do Partido Liberal, no fim da tarde, e sinalizou que gostaria de prestigiar a ação.

“Tô passando por ali agora. Gostaria (de visitar) mas… acho que politiza o negócio, então evito. Evito”, disse o ex-presidente na saída da sede do Partido Liberal.

O PL e dezenas de deputados de partidos da oposição, estão convocando pelas redes sociais, protestos em todos os Estados e no Distrito Federal no domingo, 3 de agosto, dois dias após a previsão para a entrada da vigências do tarifaço de 50% aos produtos brasileiros importados pelo EUA, determinado pelo presidente Donald Trump, no dia 9 de julho.

Para o grupo de congressistas da oposição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “não quer negociar, mas tirar proveito político do tarifaço”.

Reportagem: Val-André Mutran é repórter especial para o Portal Ver-o-Fato e está sediado em Brasília.

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