Ossos têm função endócrina: por que é importante prevenir osteoporose

O tecido ósseo é composto por células ósseas especializadas — osteócitos, osteoblastos e osteoclastos — além de componentes orgânicos, como colágeno e glicoproteínas, e elementos inorgânicos, como fósforo, cálcio e cristais de hidroxiapatita. Mas ele possui mais funções do que as que parecem mais óbvias.

Além das conhecidas funções de sustentação, proteção e movimentação, o tecido ósseo é responsável pela produção de células sanguíneas e exerce uma função vital no organismo: a regulação do metabolismo de cálcio e fósforo por meio de hormônios como o paratormônio e a vitamina D. Assim, o tecido ósseo também desempenha um papel endócrino.

Essa regulação depende de diversos fatores, como a prática de exercícios desde a infância, fatores genéticos, hormonais e uma dieta adequada em cálcio, fósforo, magnésio e vitamina D.

Pico de Massa Óssea, Osteopenia e Osteoporose

O pico de massa óssea ocorre entre os 20 e 30 anos, normalmente mais cedo nas mulheres. Após esse período, há uma perda progressiva de tecido ósseo ao longo da vida. Em casos de perda mais acelerada, pode ocorrer baixa densidade óssea, evoluindo para osteopenia ou osteoporose.

A osteoporose é significativamente mais comum em mulheres do que em homens e se caracteriza como uma doença silenciosa, com fatores genéticos, hormonais e ambientais. Pacientes com histórico familiar têm maior probabilidade de manifestar a doença precocemente.

Alterações hormonais, como menopausa ou hipogonadismo masculino, reduzem o estímulo de estrogênio ou testosterona sobre a massa óssea, agravando o quadro. O estilo de vida também influencia a saúde óssea: tabagismo, etilismo, baixa ingestão de cálcio e vitamina D, sedentarismo, baixo peso corporal e uso de medicamentos que inibem a formação óssea aumentam o risco.

Diagnóstico, Prevenção e Tratamento

Quando não diagnosticada previamente, o primeiro sintoma pode ser uma fratura vertebral ou de ossos longos — como fêmur e úmero — em quedas de baixo impacto. A mortalidade após uma fratura desse tipo chega a 22% no primeiro ano, sem contar as comorbidades e limitações associadas. O risco de nova fratura aumenta progressivamente em casos sem tratamento adequado.

Para diagnóstico precoce, utiliza-se a densitometria óssea, exame simples, com baixa radiação e custo acessível. É indicada para homens a partir dos 70 anos, ou antes, caso haja comorbidades, e para mulheres em início da menopausa, geralmente por volta dos 50 anos, ou mais precocemente se houver fatores de risco.

Pessoas com osteopenia ou osteoporose devem ter atenção à ingestão diária de cálcio, recomendada em torno de 1000 mg, principalmente obtidos de leite e derivados. É fundamental manter bons níveis de vitamina D, geralmente entre 1.000 e 2.000 unidades por dia.

O tratamento medicamentoso é indicado para todas as pacientes com osteoporose detectada na densitometria e, em alguns casos, para portadores de osteopenia com comorbidades relevantes. As opções terapêuticas têm evoluído, variando entre administração oral semanal, subcutânea diária ou semestral, e até infusão endovenosa anual.

Portanto, a prevenção da osteoporose deve começar na infância, com prática de exercícios físicos, dieta rica em cálcio e suplementação adequada de vitamina D. Manter-se fisicamente ativo e evitar fatores de risco ao longo da vida traz benefícios significativos para a saúde óssea.

(Fonte: CNN Brasil)

*Texto escrito pelo endocrinologista e clínico geral Luiz Carlos de Paiva Nogueira da Silva (CRM 157.547 / SP RQE: 102.473), do Hospital Israelita Albert Einstein

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