‘Vergonha’ e ‘vassalagem’: oposição francesa se revolta contra tarifa imposta por acordo EUA-UE

Críticas ao pacto comercial EUA-UE reacendem debate sobre soberania europeia na França

Reportagem Sandra Venancio – Foto RS Marine Le Pen/Via Fotos Públicas

Líderes da oposição na França reagiram com indignação ao acordo comercial firmado entre os Estados Unidos e a União Europeia, que impõe uma tarifa de 15% sobre produtos europeus. O pacto, anunciado por Donald Trump e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi classificado como uma “vergonha” e um ato de “vassalagem” aos interesses americanos, segundo reportou a agência EFE neste domingo (28).

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Apesar de o governo francês ainda não ter se pronunciado oficialmente, os principais partidos de oposição se apressaram em criticar duramente o acordo, que consideram prejudicial à soberania econômica europeia e aos interesses da indústria francesa.

Jean-Luc Mélenchon, líder da esquerda radical e fundador do partido A França Insubmissa (LFI), acusou a Comissão Europeia de “trair os trabalhadores e os produtores europeus”, ao aceitar uma tarifa que, segundo ele, “coloca a Europa de joelhos diante de Washington”.

Marine Le Pen, expoente da extrema direita, chamou o pacto de “ato humilhante de submissão econômica” e disse que ele reforça a ideia de que “a UE deixou de defender seus próprios povos para servir aos interesses dos EUA”.

O acordo surge em um contexto de crescentes tensões comerciais globais e de um novo mandato de Donald Trump marcado por medidas protecionistas. A imposição de tarifas sobre produtos europeus — que afetam especialmente setores como o automotivo, agrícola e tecnológico — é vista como um gesto unilateral e agressivo, mesmo tendo sido formalizado com chancela da Comissão Europeia.

Especialistas em comércio internacional alertam que o pacto pode provocar desequilíbrio nas relações comerciais intraeuropeias e gerar pressão sobre países como França e Alemanha, que dependem de exportações para os Estados Unidos. Além disso, há críticas ao processo opaco de negociação, sem ampla consulta aos parlamentos nacionais ou ao Parlamento Europeu.

Nos bastidores, diplomatas franceses indicam que o governo de Emmanuel Macron avalia os efeitos do acordo e estuda medidas para mitigar os impactos tarifários sobre setores estratégicos da economia francesa. No entanto, a pressão da oposição deve forçar um posicionamento oficial ainda nesta semana.

A Comissão Europeia, por sua vez, defende o pacto como uma forma de “estabilizar as relações transatlânticas” e garantir “acesso previsível ao mercado americano”, mas a repercussão política na França sugere que o tema se tornará mais um ponto de conflito interno sobre o papel da UE nas decisões comerciais globais.