Lula anuncia política para terras raras após revelação de interesse de Trump

Brasil busca protagonismo global na exploração de minerais estratégicos; Reginaldo Lopes propõe frente parlamentar para defender soberania sobre recursos

Reportagem Sandra Venancio – Foto Ricardo Stuckert/PR

Após a divulgação do interesse do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, nas reservas brasileiras de terras raras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta segunda-feira (28) o início de uma política nacional de exploração e industrialização desses minerais estratégicos. Durante a cerimônia de inauguração de uma usina de gás natural no Rio de Janeiro, Lula defendeu a soberania brasileira sobre os recursos e prometeu transformá-los em vetor de desenvolvimento tecnológico e geopolítico.

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“Ele não acredita na política do país, nas coisas que estão acontecendo no país. Ninguém joga dinheiro fora, muito menos quem tem muito dinheiro”, afirmou Lula. “Inventaram uma coisa nova chamada minerais críticos. Aí o pessoal fala terra rara. Tudo isso é coisa nova. Fiquei sabendo que os EUA vai ajudar a Ucrânia mas quer ter privilégios nos minerais. Li que os EUA tem interesse nos minerais críticos do Brasil. Ora, se é crítico, vou pegar ele pra mim. Porque vou deixar ele pegar? Então estamos construindo uma parceria dentro do governo. Vamos fazer primeiro um levantamento de todo tipo de riqueza que o país tem em todo seu solo e subsolo”, completou.

A crescente cobiça internacional sobre as terras raras brasileiras — minerais essenciais para a produção de tecnologias de ponta, como carros elétricos, turbinas eólicas, smartphones e equipamentos militares — levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a anunciar uma nova política de exploração, industrialização e regulação desses recursos. O anúncio ocorre dias após a veiculação de informações sobre o interesse direto do ex-presidente norte-americano Donald Trump nas reservas do Brasil, o que acendeu um alerta no governo e no Congresso Nacional.

“Não vamos permitir que levem nossos recursos estratégicos brutos e nos deixem com migalhas. O Brasil precisa ocupar seu lugar como protagonista nas cadeias produtivas limpas e tecnológicas”, afirmou Lula durante o evento no Rio. Ele também mencionou a necessidade de agregar valor à produção, incentivando a industrialização no território nacional para romper com o modelo de exportação primária que historicamente marca a mineração brasileira.

Paralelamente, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara, propôs a criação da Frente Parlamentar Mista em Defesa das Terras Raras, Minerais Críticos e Estratégicos. A frente deverá reunir deputados e senadores de diferentes partidos com o objetivo de formular uma legislação robusta para garantir o controle nacional sobre a exploração e uso desses recursos.

“A soberania mineral é também soberania tecnológica e energética. O Brasil detém cerca de 20% das reservas mundiais conhecidas de terras raras, a terceira maior do planeta. Precisamos transformar essa riqueza em protagonismo e proteção estratégica”, afirmou Lopes.

O movimento governamental e parlamentar busca evitar que o país repita o padrão de exploração colonial, no qual minérios de alto valor são extraídos e exportados sem gerar empregos qualificados, tecnologia ou autonomia produtiva. A proposta também está alinhada com os compromissos do Brasil com a transição energética, a descarbonização da economia e o fortalecimento da defesa nacional.

Segundo fontes do Ministério de Minas e Energia, a nova política incluirá incentivos à pesquisa geológica, à formação de mão de obra especializada e à criação de polos industriais voltados para o refino e a transformação dos minerais críticos. Estão previstos ainda mecanismos de controle sobre empresas estrangeiras no setor e parcerias estratégicas com países do Sul Global.

O anúncio foi bem recebido por setores da indústria e da academia, que defendem maior protagonismo brasileiro na nova economia verde e tecnológica. Organizações ambientalistas, por sua vez, cobram que o avanço sobre as terras raras não repita os erros de outros projetos extrativistas, exigindo licenciamento rigoroso, consulta a comunidades afetadas e proteção aos biomas envolvidos, como a Amazônia e o Cerrado.

Eixos da proposta

A exploração estratégica das terras raras e minerais críticos, segundo o deputado, pode:

Articulação ampla

Atrair investimentos públicos e privados para a nova mineração;

Estimular polos industriais e parques tecnológicos;

Gerar empregos qualificados e diversificar a matriz econômica;

Reduzir a dependência de importações de alta tecnologia;

Proteger a soberania nacional em um cenário geopolítico cada vez mais competitivo;

Integrar políticas de sustentabilidade e segurança mineral.