Relatório da OMS alerta para “pior cenário de fome” em Gaza

A OMS (Organização Mundial da Saúde) e seus parceiros do IPC (Classificação Integrada de Segurança Alimentar) emitiram nesta 3ª feira (29.jul.2025) um alerta sobre a insegurança alimentar e desnutrição aguda na Faixa de Gaza. Segundo o comunicado, a região vive o “pior cenário de fome” depois de 21 meses de ataques de Israel. O conflito levou a deslocamentos em massa e colapso de serviços essenciais, como saúde e abastecimento. 

Conforme os dados mais recentes, os níveis de consumo alimentar já atingiram os limiares que caracterizam a fome em grande parte do território palestino controlado pelo grupo extremista Hamas. Na Cidade de Gaza, os índices de desnutrição aguda ultrapassaram os patamares críticos, com relatos crescentes de mortes ligadas diretamente à fome, à desnutrição e a doenças relacionadas. Eis a íntegra do relatório (PDF–5 MB, em inglês). 

 

A OMS destaca que o agravamento da crise exige uma resposta humanitária imediata. Entre as ações recomendadas, estão:

  • Fim das hostilidades;
  • Garantia de acesso humanitário seguro;
  • Proteção de civis, trabalhadores humanitários e infraestrutura civil;
  • Restauração urgente da assistência multissetorial; 
  • Restaurar fluxo de bens comerciais e as capacidades de produção local.

O IPC, iniciativa internacional que reúne governos, agências da ONU e organizações humanitárias, reforça que sua análise é baseada em evidências e consenso técnico. O objetivo é orientar respostas emergenciais e políticas públicas sustentadas frente a crises alimentares, como a que assola Gaza neste momento.

No domingo (27.jul), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (Likud, direita), disse que “não há fome” em Gaza. A declaração se deu no mesmo dia em que o Ministério das Relações Exteriores israelense anunciou que haverá pausas diárias no conflito para permitir a ajuda humanitária em corredores e pontos de distribuição de alimentos.

Em comunicado oficial, o governo de Israel anunciou que as pausas para fins humanitários serão realizadas todos os dias, das 10h às 20h, nas áreas de Al-Mawasi, Deir al-Balah e Cidade de Gaza, até novo aviso. 

As medidas se dão em um cenário de pressão internacional pelo cessar-fogo na Faixa de Gaza, que desde 7 de outubro está sob cerco de Israel. A ofensiva do governo Netanyahu foi uma resposta a um ataque do Hamas realizado em solo israelense naquela data, com saldo de 1.200 mortos e mais de 200 pessoas feitas reféns. Parte dos israelenses sequestrados permanece no território palestino sob controle do grupo extremista.